sábado, 17 de julho de 2010

Lançado no Museu do Índio: Rondon a Construção do Brasil e a Causa Indígena

Lançado ontem no Museu do Índio, RONDON a Construção do Brasil e a Causa Indígena.
Além de várias lideranças indígenas, presentes também no evento o ministro da Justiça, Luiz Paulo Telles Barreto e representando a Família do Marechal Rondon, seu neto, Ângelo Rondon.
Fiquei bastante honrada em conhecer o neto de Cândido Mariano da Silva Rondon, Ângelo Rondon. Na foto também com a Professora Maria Rachel Coelho e o cacique Akijabor Kayapó.

O Presidente da FUNAI , Marcio Meira agradeceu a Jorge Alfredo Streit, Presidente da Fundação Banco do Brasil que é talvez a maior parceira e apoiadora da FUNAI desde 2008.

Com Donaldo kinthaulu


Com Daniel Pareci


Rondon

Um grande defensor dos indígenas brasileiros, desbravador de terras distantes e deconhecidas, de selvas e sertões. Um descobridor do Brasil. Assim foi Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958), que esteve à frente da implantação das linhas telegráficas no Brasil.

Pacifista adotou em relação aos indígenas o lema “Morrer se preciso for; matar nunca!”.
Gerou uma nova relação entre o Estado e as populações indígenas, foi responsável pelo Dia do Índio e fundou o Museu do Índio com Darcy Ribeiro, na Rua Mata Machado, no Maracanã: http://www.fundar.org.br/darcy_antropologia_musindio_1.htm

Descendente de índios, nasceu em maio de 1865 em Mato Grosso. Estudou Engenharia, Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Teve grande importância na busca da integração nacional, tendo como Princípio o Positivismo do qual se tornou adepto.

Entretanto, seu trabalho foi muito além do que lhe cabia. Percorreu mais de 50 mil quilômetros em território nacional,conhecendo dezenas de indígenas, bem como incluiu nos mapas rios ainda não identificados.

Por tudo isso Marechal Rondon é o homenageado do ano (12ª edição) do Projeto Memória, que é uma parceria entre a Fundação Banco do Brasil e a Sociedade de Amigos do Museu do Índio (SAMI) .


O Projeto Memória

Uma exposição itinerante circulará por 800 municípios brasileiros de norte a sul. A iniciativa conta ainda com um vídeo-documentário e livro foto-biográfico, que serão dirigidos para 5.300 bibliotecas públicas do País, além de um kit pedagógico, contendo um almanaque histórico e um guia do professor, que será destinado para 18 mil escolas públicas. O projeto também terá uma página sobre a vida e a luta do Marechal Rondon na internet.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A SAGA DOS WAIMIRI-ATROARI

Há algum tempo vem circulando na internet um email em nome de Mara Silvia Alexandre Costa supostamente do Depto de Biologia Cel. Mol. Bioag.Patog. FMRP – USP, que também vem assinado por Celso Luiz Borges de Oliveira, supostamente, Doutorando em Água e Solo FEAGRI/UNICAMP,ambos fazem, sem provas, referências absurdas sobre a Reserva Indígena Waimiri-Atroari até mesmo afirmam que existem bandeiras americanas e inglesas hasteadas no local. Que estrangeiros mandam no pedaço e autorizam ou não a passagem das pessoas no trecho da BR 174 na altura da Reserva.

Só que essa brincadeira passou dos limites, pedem,com ar de terrorismo, para que os destinatários repassem o email de modo a formarem uma rede.

Você que conhece a Reserva e sabe que tudo isso não passa de uma grande mentira peço ajuda na divulgação desse post. Mas se você nunca passou por lá e é um dos que recebeu esse email por favor leia com atenção a verdade sobre a história das aldeias e da construção da BR-174

No mais, podem deixar que tomaremos as providências judiciais cabíveis.
Maria Rachel Coelho
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A SAGA DOS WAIMIRI-ATROARI
*Por João Américo Peret



Em 1967, o Cel. Mauro Carijó, Diretor do Der-Am,veio ao Rio de Janeiro “pedir” governo militar ao Dr. Gama Malcher, diretor do SPI/FUNAI que retirasse 11 aldeias de índios selvagens que flecharam seu avião. O caso aconteceu quando fazia vôos de reconhecimento para a construção da BR-174 Manaus-Roraima. Alegou que era questão de “segurança nacional” e que os índios não podiam atravancar o progresso e interesses do Brasil.

A conversa se tornou calorosa, porque Dr. Malcher, profissional de carreira em via de aposentadoria, era um ferrenho defensor dos direitos indígenas. E não tinha “medo de caretas”.

Nas fotografias aéreas apresentadas pelo Cel. Carijó, as choças “cogumelos gigantescos”,com mais de 80m de diâmetro, abrigava a população inteira. As roças eram abundantes,a região era de natureza bruta intocada com rios de águas negras,corredeiras e cachoeiras,como veias da floresta bem copada. Calculamos no total uns 6.500 índios povoando a região. Pela localização seriam os antigos Jauapery (Waimiri-Atroari).

Eram tempos de mudanças e transformações,o SPI virava FUNAI. Sem verba e com poucos sertanistas: irmãos Villas Bôas, Francisco Meireles, Cícero Cavalcante, Peret (autor) e João de Carvalho. Ocupados em trabalho de campo. Sugeri o colega Gilberto Pinto (ajudante de sertanista) para ser promovido e tratar do caso. E sugeri ao Cel. Carijó que fizesse o apoio logístico com helicóptero para acelerar os primeiros contatos,depois o Gilberto prosseguiria no sistema tradicional,mais lento e eficaz.

Em julho de 1968,o sertanista Gilberto conseguiu o primeiro contato amistoso com os ditos “selvagens”. O sr. José Queiroz Campos, jornalista assumiu a presidência da FUNAI (não entendia lhufas de índios). Mas fazia parte das “forças ocultas: políticos, latifundiários, empresários, missões religiosas”. Retiraram o sertanista Gilberto Pinto (FUNAI), e colocaram no seu lugar,o padre Giovanne Calleri, italiano, sem nenhuma experiência com índios (Missões Consolata(RR).

No final de 1968,a expedição Calleri desapareceu na floresta... O PARA-SAR (Grupamento de Busca e Salvamento –FAB) ficou 20 dias procurando e dizendo coisas... O sertanista Gilberto Pinto (retirado do serviço), recusava-se a ajudá-los nas buscas (e com muita razão). O Ministério do Interior e de Relações Exteriores, pressionaram a FUNAI para ajudar nas buscas. O Dr. Malcher, consultado sugeriu meu nome. Fui. Por razões óbvias o Cap. Lessa, comandante do grupamento não ficou feliz com minha presença. Provei minha experiência e desinteresse na mídia e assim fui incorporado.

Resolvemos o caso:os índios cortaram uns cipós; segui este sinal,sozinho,sob protesto do Major Lessa. Encontrei os restos mortais de uma mulher. Gritei chamando o PARA-SAR. Enquanto examinavam o achado, segui outra pista e encontrei os restos do Padre Calleri atrelado ao de outro homem. O PARA-SAR completou as buscas e o translado para Manaus.

Meses depois o sertanista Gilberto Pinto reassumiu a pacificação dos Waimiri-Atroari. Em 1972 consolidou os contatos e instalou Postos de Assistência. Levou os caciques e familiares para conhecerem Manaus. Era amado pelos índios que o chamavam de “Pai Gilberto”. Mas o sertanista da velha guarda,incorruptível,era contrário que a BR-174,passasse dentro das aldeias. Estranhamente Gilberto Pinto foi morto no Natal de 1974. Consta que “forças ocultas” (seriam compostas por políticos,latifundiários, empresários,missões religiosas). O sertanista Porfírio de Carvalho denunciou pessoas envolvidas no crime.consta até que nos ferimentos à bala, colocaram flechas dos índios para incriminá-los. O certo é que a família do Gilberto não pode ver o corpo.

O sertanista Porfírio de Carvalho substituiu o Gilberto e novamente pacificou os Waimiri-Atroari. Mas ferrenho defensor dos índios, protestava contra a BR-174 e as “forças ocultas”. Por isso foi enxotado da FUNAI... Desgostoso, foi morar em Brasília,fez faculdade e ficou por lá.

A BR-174 atropelou as Aldeias dos Waimiri-Atroari. E os índios que em 1967 seriam mais de 6.000 (seis mil),nos últimos anos estavam reduzidos a uns 380 (trezentos e oitenta). Suas terras passaram às mãos das ditas “forças ocultas”. Construíram a cidade de Presidente Figueiredo, a maravilhosa Cachoeira Maruaga (do cacique Atroari) virou atração turística. Construída a Hidrelétrica de Balbina que afogou o meio ambiente,e transformou a região num pântano fétido.; a Eletronorte explora energia elétrica e minério; o governo distribuiu as terras dos índios como devolutas. As índias foram prostituídas e a miséria se abateu sobre esse povo ao longo da BR-174.

Os índios ficaram numa Reserva Indígena diminuta. Mas são bravos! Não desistem nunca! E recuperaram a dignidade com a força interior!

Um jovem Waimiri foi enviado a procurar o “Pai Carvalho”, pegou carona num caminhão, em Manaus virou “menino de rua” perambulou indagando pelo “Papai Carvalho”.Alguém o achou parecido com índio e o levou para FUNAI.Na FUNAI ninguém sabia do paradeiro do “Pai Carvalho”.Colocaram-no num avião para Brasília. Lá virou “menino de rua”, até que identificado como índio foi levado para FUNAI. Com dificuldade foi descobrir o ex-sertanista Porfírio de Carvalho na secretaria do deputado Mario Juruna. Abraçaram-se e choraram de emoção.

O menino explicou no idioma:

- Papai Porfírio,você tem que voltar comigo para a Aldeia.Nosso povo ta acabando!

O ex-sertanista abandonou o emprego e voltou a Reserva Indígena que havia criado para os Waimiri-Atroari. A Aldeia só tinha jovens,os mais velhos haviam sido dizimados por doenças, promiscuidade, e a ferroe fogo, bala.

Porfírio reorganizou os índios dentro da tradição cultural indígena. Entrou na justiça e foi conseguindo indenizações pelos prejuízos que o governo e as “forças ocultas” deram a esses índios.
Contratou professores e técnicos de várias áreas para ensiná-los a ler e escrever em português, tecnologia para desenvolver projetos ecológicos e a região foi transformada em berçário da fauna, recuperação da flora, piscicultura,tartarugas etc.A região é Reserva Biológica. Por fim começou a comprar as terras indígenas que lhes foram tomadas. Amparados legalmente conseguiram autorização para construir guaritas e cobrar pedágio,nas suas terras invadidas pela BR-174. A noite eles barram a passagem de veículos e pessoas estranhas para não perturbarem a vida na Reserva Biológica e a eles, filhos da natureza.

Em 2006 os Waimiri-Atroari me convidaram para festejar o nascimento da milésima criança Waimiri-Atroari.

Mas as “forças ocultas” não lhes dão guarida. Na Reserva Indígena só entram pessoas de reconhecida idoneidade moral e de real comprometimento com a causa indígena.

São fantásticos esses índios Waimiri-Atroari. Em poucos anos tornaram-se competentes para gerir os próprios destinos. E o amigo mais amado – PAPAI CARVALHO.


*Peret, Ex-sertanista do SPI/FUNAI,58 anos ao lado dos índios

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Comunidade Waimiri Atroari comemora o milésimo nascimento :

Os índios Waimiri Atroari, habitantes da Terra Indígena homônima, situada ao norte do Amazonas e sul de Roraima atingiram a população de mil pessoas com o nascimento de um menino, filho do casal Anapidene e de Ketamy, no último dia 26 de setembro, na aldeia Yawara. A chegada do milésimo kinja, auto-denominação dos Waimiri Atroari, representa a recuperação desse povo, que esteve próximo à extinção na década de 70, com o avanço da construção da estrada que liga Manaus (AM) à Boa Vista (RR) e da atividade mineradora na região. A recuperação dos Waimiri Atroari foi possível, graças ao Programa Waimiri Atroari.

O indigenista Porfírio Carvalho, servidor aposentado da Funai, é o coordenador do Programa Waimiri Atroari, criado em 1987 para recuperar o processo de repopulação e provável extinção desse povo. Segundo Profírio, o Programa foi elaborado em conjunto com os indígenas, com a participação de profissionais e técnicos especializados em diversas áreas. O objetivo inicial foi recuperar as terras e proporcionar sustentabilidade, com qualidade de vida para esses indígenas, ameaçados com o avanço desenvolvimentista da década de 60/70. Hoje, o programa emprega mais de 80 técnicos, cuida da saúde, educação, cultura e sustentabilidade econômica desse povo e tem o site http://www.waimiriatroari.org.br/.

Em 1969, quando Carvalho conheceu os Waimiri Atroari, eles eram altivos e guerreiros. Ao reencontrá-los em 1986, "estavam doentes, tristes, perambulando pela BR 174 (Manaus-AM a Boa Vista-RR), esmolando carona e comida dos caminhoneiros. Morriam, em média, 20% ao ano e caminhavam para a extinção", relata o indigenista, que sempre se dedicou à questão indígena, e hoje trabalha especialmente, junto aos Waimiri Atroari e aos Parakanã, no Pará, e ainda colabora com os Guajajara, do Maranhão. Carvalho não esconde sua comoção, quase paterna: "Saí contando para todos: nasceu o milésimo Waimiri Atroari!... Parece que os vejo todos, todos os mil na minha frente... Eu estou feliz. E grato a todos que me ajudaram a realizar este sonho", concluiu o indigenista vitorioso.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Ministério Público entra com ação contra ex-reitores da UnB

Ministério Público entra com ação contra ex-reitores da UnB



O Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF/DF) entrou com ação de improbidade administrativa contra os ex-reitores da Universidade de Brasília (UnB) Lauro Morhy e Timothy Mulholand e o ex-presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) Valdi Bezerra, no dia 1° de julho. Segundo a denúncia, a assinatura irregular de convênios para promoção da saúde indígena nas comunidades Xavante, em Mato Grosso do Sul, e Yanomami, em Roraima, permitiu o desvio de mais de R$ 8,8 milhões em uma única fase dos projetos.Também vão responder ao processo Alexandre Lima, Elenilde Duarte e Cláudio Machado, ex-contratados da Editora UnB. A medida faz parte da primeira etapa do trabalho de investigação do MPF, iniciado em 2008, a partir do escândalo envolvendo a reforma do apartamento do ex-reitor Timothy. Já foram propostas duas ações de improbidade e cinco denúncias criminais, que aguardam julgamento pela Justiça Federal.De acordo com o processo, as irregularidades começaram com a contratação da Fundação Universidade de Brasília (FUB) pela Funasa, sob o fundamento de se tratar de instituição de pesquisa, ensino e desenvolvimento institucional. Segundo o Ministério, sem qualificação técnica e estrutura operacional para realizar atividades de assistência à saúde em comunidades localizadas a milhares de quilômetros de distância, a FUB subcontratou, sem licitação, duas fundações de apoio: a Fubra, de 2004 a 2006, e a Funsaúde, de 2006 a 2007.Para o Ministério Público, a captação desse tipo de parceria pela FUB e as subcontratações sucessivas eram, na verdade, um artifício para facilitar o desvio de recursos da esfera pública para a privada. Uma vez repassado às fundações de apoio, o dinheiro inicialmente pago pela Funasa à Universidade era gerido por uma estrutura administrativa paralela, coordenada por Alexandre Lima, ex-diretor da Editora UnB.Um dos mecanismos utilizados para maquiar os desfalques era o recolhimento de uma suposta taxa administrativa pelas fundações de apoio, correspondente a 7,5% do total recebido pela FUB da Funasa. Além disso, a investigação apontou irregularidades como simulação de licitações; contratação de empresas de fachada; consultorias fantasmas; pagamentos em duplicidade; contratação de parentes e amigos dos acusados e gastos sem comprovação.De acordo com as apurações, o dinheiro desviado foi utilizado para custear gastos de interesse pessoal dos envolvidos, especialmente a promoção política do ex-reitor Timothy. Foram contabilizadas como despesas dos convênios, por exemplo, pagamento de festas, viagens internacionais, jantares, móveis e eletroeletrônicos para uso particular, aquisição de canetas de marca, entre outros gastos sem qualquer relação com ações de apoio à saúde indígena.O MPF cobra o ressarcimento do dinheiro desviado e a condenação da FUB a elaborar projeto de assistência à saúde indígena para as comunidades atingidas pelas ilegalidades. Os envolvidos também podem sofrer sanções como suspensão dos direitos políticos, perda do cargo, proibição de contratar com o Poder Público e pagamento de multa.