*Por Maria Rachel Coelho Pereira
Tenho sido questionada nas últimas semanas sobre o que é Educacionismo. Educacionismo é uma teoria idealizada por Piotr Alexeyevich Kropotkin. Basicamente é colocar a educação como elemento central da transformação social, simbolizada em escola para todos e igual para ricos e pobres.
O Educacionista não tem partido político mas sim uma causa. No lugar de “fábrica para os trabalhadores”, nosso slogan é “ escola igual para todos”, até porque hoje “o operador” tem que ter um conhecimento muito maior do que “o operário”. A revolução hoje está em assegurar o pleno desenvolvimento da capacidade de cada um, e permitir-lhe ser remunerado de acordo com essa capacidade. As tendências de hoje são diferentes das que Marx imaginou.
O primeiro passo, de responsabilidade do Educacionista, é a nacionalização da educação, aprovando-se uma mudança na Constituição que prevê essa responsabilidade para os municípios e o projeto de lei de Responsabilidade Educacional, que define metas e padrões para o país inteiro, respeitadas as diferenças regionais, descentralizando o gerenciamento para as prefeituras. O segundo passo, que é de responsabilidade dos Educadores, é transformar a escola atual numa escola de qualidade, com professores contratados por um concurso público nacional e muito bem remunerados, com piso salarial federal alto, padrão de salário, de formação e de conteúdo. Escolas com equipamentos modernos e edificações bonitas e de qualidade.
Segundo as estatísticas, gasta-se 61 bilhões em Educação no Brasil mas desse índice o governo federal só gasta 7. O resto fica por conta das prefeituras. E sem falar nas desigualdades. Existem cidades com 20 mil reais de renda per capita enquanto outras tem menos de 600. Como pode esse prefeito dar uma escola boa e igual? Semana passada foi divulgado o resultado do Enem, nos trazendo o retrato atual. Dos 20 estabelecimentos com melhores resultados, 15 são particulares e os 5 públicos são federais. Nenhum colégio estadual do país ficou entre os 20 com melhor avaliação. Participaram do Enem, no ano passado, um milhão de estudantes, em 18.798 escolas públicas e privadas.
O Educacionismo prega uma verdadeira revolução na educação mas não é um projeto para um governo ou um partido ou um presidente. Demanda um tempo maior que um mandato.
Nossa tarefa imediata é convencer os omissos e acomodados, os descontentes, apáticos, mas ainda não corrompidos pelo conservadorismo ou pelos cargos, de que vale a pena lutar por uma causa e essa causa existe. Criar uma consciência nacional, convencer os pobres de que é possível seus filhos terem uma escola equivalente à dos ricos e convencer os ricos de que essa equivalência é necessária.
MARIA RACHEL COELHO PEREIRA é Doutoranda em Ciência Política, Mestre em Direito, Professora Universitária.