quinta-feira, 24 de maio de 2018

O que é ser um educacionista?

Resolvi escrever este artigo para esclarecer o que é ser um educacionista. As pessoas estão confusas e não estão entendendo qual a proposta do Educacionismo.

Inicialmente, cabe ressaltar que o termo "educacionismo" é um termo cunhado ainda no século XIX, para designar os adeptos da "transformação social" através da "educação", que substituiria a ação política. É uma das características do anarco-comunismo de Piotr Kropotkin (1842-1921).

No Brasil, o primeiro a falar de Educacionismo foi o professor Sílvio Gallo, em O Paradigma Anarquista em Educação e também em Educação Libertária. Gallo é filósofo e professor da UNICAMP.

O termo Educacionismo também está relacionado ao escritor e político mexicano Justo Sierra (1848-1912), cujas idéias e iniciativas na vida educacional do seu país foram marcantes para a época. Fiel aos ideais liberais e positivistas, lutou por uma educação primária de caráter nacional, laica e gratuita; preocupou-se com a formação e valorização dos docentes; foi um dos principais criadores da Universidade Nacional Mexicana. Acreditava na educação como fator de crescimento econômico e de aperfeiçoamento da vida social.

Como todos podem ver, o termo tem a sua história.

Cristovam Buarque, já os conhecendo, procurou recuperar, recontextualizar (repolitizar) a palavra. Logo após sua campanha presidencial em 2006 encontrou um grupo que inicialmente começou com Ney Bravo, de São Paulo, e o Luis Afonso, do Rio Grande do Sul, e eu, no Rio de Janeiro que começaram a trabalhar por esse ideal.

Começamos a fazer os Núcleos em todo o Brasil. Eu trouxe comigo o Professor Tomaz e Emanuel da Paraíba; o Ricardo Menezes, do Mato Grosso do Sul; o Professor Belém e o Professor Ademir Ramos do Amazonas; o Junior de São Paulo; o Professor Francisco de Pernambuco e inúmeros educacionistas que acreditaram nessa causa. Mas tínhamos um grande problema pela frente: como nos organizarmos para realizarmos esse sonho, já que para nós, educacionistas, essa causa consiste também em tomar as medidas necessárias para que todas as crianças iniciem cedo sua caminhada escolar (a partir dos quatro anos de idade), aprendam limites, valores e que as recompensas venham não pelo caminho fácil, do “jeitinho” que compra atalhos, mas pelo mérito; que encontrem salas de aulas disponíveis e com pleno potencial de aproveitamento de recursos pedagógicos e tecnológicos; que os professores se preparem bem, sejam bem remunerados, vocacionados e consequentemente não se ressintam em ser cobrados após serem valorizados; que possam contar com diretores de escola disponíveis, entusiastas e agregadores de parcerias pelo bem da escola; e que possam contar com gestores públicos que pensem em políticas públicas que envolvam as famílias no processo educativo, assim como acontece em países como a Finlândia e Inglaterra.

Os desafios são muitos. O maior como sempre é colocar nossa criatividade à prova para obter recursos para nossa empreitada de forma ética e transparente. 

O Movimento Educacionista não é do Senador Cristovam. Mas de todos aqueles que além do plano das ideias, se preocupem com a educação de todos e façam alguma coisa para mudar a triste realidade e melhorar a educação na prática. 


E nós não paramos. Não somos movidos a cargos mas sim por uma imensa paixão. Esta é a grande diferença.


Nosso projeto não visa só eleições e cargos. Nosso propósito é maior, não se restringe a discursos e lançamento de livros. Tenho encontrado ajuda de senadores independentemente dos estados e de partidos políticos, principalmente na causa indígena e na educação indígena.  Queremos mudar a realidade, somos Educacionistas porque queremos trabalhar essa causa. Porque acreditamos em todos esses discursos, mas pensamos que até mesmo para continuar a divulgá-los temos que mostrar que isso é possível. E o Educacionismo é possível. Disso, nós não temos a menor dúvida.

* Professora Universitária e Diretora-Presidente do Movimento Educacionista do Brasil - MEB




Nenhum comentário: