A
TVP, conforme se tornou conhecida, é uma metodologia fundamentada na Psicologia
Transpessoal, e tem como hipótese principal a Reencarnação. O Terapeuta de Vida Passada utiliza a
regressão de memória como técnica de acesso aos conteúdos psíquicos que se
encontram potencializados na psique humana de forma inconsciente. A liberação
desses conteúdos durante uma sessão de terapia (com duração aproximada de 90
minutos) se dá em forma de história, permitindo a pessoa que se submete ao
tratamento, realizar sua catarse quer seja psíquica, física ou emocional.
Para o Dr. Morris Netherton (1) um dos mais
importantes sistematizadores da TVP, “quando o inconsciente, ao ser acionado começa
a “voltar atrás”, encontramos lembranças que se estendem bastante além dos
limites desta existência... Os detalhes dessas lembranças formam os
acontecimentos que um paciente revive durante uma sessão de terapia de vida
passada”. Prossegue ainda esclarecendo que é “fundamental a reconstituição
cuidadosa dos sofrimentos e traumas emocionais”, sendo necessário, por esta
razão, obter informações detalhadas acerca da morte do então personagem vivido
na história, “devendo ele perpassar ativamente cada experiência da morte” (pag.
41).
De acordo com sua experiência
clínica, Netherton (2) assevera que “o trauma sem solução no momento da morte é
uma causa primária de distúrbio comportamental” (p. 154), o que mostra a
importância de a pessoa reviver a cena da morte dos personagens vivenciados, para
melhor trabalhar a transformação no presente.
Depois de realizada a sessão, as
histórias da vida atual e da vida passada são comparadas para que se possa ter
a clareza, (Terapeuta e a pessoa submetida), o que de fato precisa ser
modificado, com vias a transformação do caráter, objetivo principal do processo
terapêutico.
Dr. Jorge Andréa (3) com sua
brilhante inteligência e saber irretocável, que muito contribuiu no campo dos estudos e da divulgação das
evidências científicas da reencarnação, enfatiza que “... as vivências
nos processos Transpessoais são de tal ordem que revelam no indivíduo a
história da humanidade que é a própria história... Não podemos compreender nos
estudos biotipológicos do psiquismo, isolamento dos componentes das vidas
pregressas, onde se encontram as raízes que devem ser buriladas e aperfeiçoadas
nos pacientes que necessitam de auxílio e esclarecimento”.
Importante ressaltar que a
regressão de memória, como técnica, atua como um “bisturi” de acesso aos
conteúdos emocionais que foram reprimidos, imantados e encapsulados no campo magnético
do inconsciente em possíveis existências passadas. Esses conteúdos, quando na vida
atual sofrem um estímulo externo de qualquer natureza favorecem a conexão, atuando
como agentes disparadores da forma-comportamento, liberando sensações, emoções
e sentimentos que se cristalizaram em forma de traumas, sistemas de crenças e
ou postulados de caráter, conflitando-se com os atuais hábitos, costumes e
valores social e ético-moral, dificultando a vida da pessoa no atual universo
psicológico em que vive.
Em alguns casos, a pessoa poderá
estar recebendo influência vibracional de presenças desencarnadas, (vítima x
algoz x vítima), cuja história encontra-se interligada a vivências passadas,
com comprometimentos ante a Lei de causa e efeito. Nestes casos, o Terapeuta
consciente das Leis da obsessão, encaminha para atendimento espiritual paralelo
em uma casa espírita de sua confiança, cujos dirigentes deverão estar informados
da proposta e eficácia dessa terapêutica.
É importante lembrar que a “obsessão
espiritual” oficialmente passou a ser conhecida na Medicina como “possessão e
estado de transe”, que é um item do CID - Código Internacional de Doenças - que
permite o diagnóstico da interferência espiritual Obsessora. O CID 10, item
F.44.3 - define estado de transe e possessão como a perda transitória da
identidade com manutenção de consciência do meio-ambiente, fazendo a distinção
entre os normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou atuação dos
espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença.
O
manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de
Psiquiatria - DSM IV (4) - alerta que o médico deve tomar cuidado para não
diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de pessoas
de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de
pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alucinação ou loucura.
Com frequência, recebo na minha
clínica pessoas com encaminhamento espiritual para o atendimento terapêutico.
Devo salientar que por tratar-se de uma
metodologia com base e fundamentação científica, não requer da pessoa atendida,
conhecimentos da reencarnação. Lembro que a reencarnação na TVP é tratada como
fato científico e não como religião. Portanto, qualquer pessoa, seja qual for o
credo que professe, pode se submeter ao tratamento, desde que haja indicação
para tal. Faz-se necessário esclarecer
que as histórias que são construídas a partir das vivências, são únicas e
exclusivas. Cada vivência libera conteúdo inédito e original, facilitando assim
a realização da interface com os fatos conectados nas múltiplas experiências
vivenciadas junto à pessoa.
Convém lembrar ainda que as pessoas
submetidas ao processo regressivo vivenciam histórias pertinentes as suas
queixas, com isso, o fato marcante que me torna cada vez mais entusiasmado com
essa técnica na clínica, é que as pessoas melhoram suas qualidades de vida ao
fazer contato com as supostas causas de suas queixas.
Após compreender o que
causava seus tormentos, há um crescente afastamento e/ou espaçamento gradativo
dos sintomas, até a eliminação por completo.
Parece que o fato das pessoas
entrarem em contato de forma ostensiva com as causas (catarse) já promove o
alívio; sentem-se mais seguras diante da vida entendendo que são pessoas normais,
com suas práticas e escolhas pessoais; que são as únicas responsáveis pela
conduta adequada ou inadequada; equívocos e aprendizados. Ao assumir a responsabilidade sobre os fatos,
passam a conviver consigo mesmas cobrando-se menos e até transformando suas
dúvidas em certezas; suas culpas em autoperdão... Daí para o caminho da cura.
Esse
tratamento é contraindicado somente nos casos de:
Surtos
psicóticos; o
indivíduo não está no juízo lógico, logo, não poderá fazer a associação das
histórias, anterior e a atual. O psicótico vive uma realidade paralela.
Essa
práxi terapêutica requer que a pessoa atendida, esteja em pleno gozo das suas faculdades
psíquicas. É essencial lembrar-se das
vivências para poder separar o que pertence ao aqui e agora e o que pertence ao
passado dessa vida.
Gravidez; o feto
registra todas as emoções, pensamentos e sentimentos que a mãe estiver
vivenciando, como se fosse ele.
Corre
o risco de ser estimulado às lembranças de vidas anteriores, fazendo conexões
com o passado, podendo trazer prejuízos psíquicos ao novo ser em formação na
vida intrauterina.
A TVP como prática terapêutica, não
é “panaceia” para todos os males.
A cura e ou os resultados esperados, somente
serão obtidos se forem tomados a sério por ambas as partes. Tanto por parte da
pessoa atendida quanto por parte do Terapeuta. Este deverá ter sua formação
profissional em Psicologia ou, Medicina com conhecimentos em Psiquiatria,
seguidos de formação em Terapia de Vida Passada, em uma das Sociedades que
tenham suporte técnico operacional, que ofereçam cursos de formação, bem como,
vivenciar sua própria experiência submetendo-se ao acompanhamento terapêutico, pelos
terapeutas ditadas responsáveis pelo curso de formação.
*Francisco Bellieny é Psicólogo
e Terapeuta de Vida Passada, Membro fundador da SBTVP e da AME – Rio. Expositor Internacional. Atualmente, Psicólogo no Tribunal de Justiça do Estado do Acre e na Diocese de Rio Branco/Acre, nesta, na condição de voluntário, atuando com atendimento clínico com Psicoterapia de grupo e individual para adolescentes e adultos; Roda de conversas; Dinâmica de grupo objetivando a integração social e os relacionamentos interpessoais na área de Psicologia, nas dependências do Centro Comunitário São Marcos na Cidade do Povo.
(1)
Netherton, Morris - Past Lives Therapy - ARAI-JU-SP,
1984.
(2)
Netherton, Morris - Past Lives Therapy – São Paulo,
Sumus, 1997.
(3) Andréa dos Santos, Jorge - Psiquismo Fonte da Vida, 1ª
edição Edicel 1995
(4) DSMIV ™ - 4ª edição, tradução Dayse Batista – Artmed - Porto Alegre 1995.
(4) DSMIV ™ - 4ª edição, tradução Dayse Batista – Artmed - Porto Alegre 1995.
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