Pirarupá é como se chama a Aldeia
Indígena localizada no Massiambú, no Kilômetro 235 da BR 101 em direção ao Sul
no Município de Palhoça em Santa Catarina.
Essa unidade local está relacionada e interligada com as demais
comunidades Guarani por redes desociabilidade e parentesco definidores do
território Guarani denominado Ywy Rupá. Todos os espaços Guarani em Santa
Catarina, mesmo que fragmentados e descontínuos em sua base territorial,
garantem as condições da sobrevivência física e cultural desse povo, conforme
determina a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 231.
Pela BR 101, logo depois que passamos
pela Aldeia Itaty tem uma entrada escondida à direita de quem vem do Município
de São José em direção ao Sul (estrada geral do Massiambú, s/n). Ao entrarmos,
ainda pegamos uns 25 km de estrada de terra, emburacada, mas inesquecível como
patos, cavalos e outros animais que atravessam na frente do carro com a maior
confiança de que vamos respeitá-los.
Pirarupá, em Guarani, significa o
momento em que a maré sobe e as águas do mar trazem os peixes para o rio,
formando um“Berço de Peixes”.
A Aldeia é composta de 13 famílias que
também foram beneficiadas com a entrega de 10 casas pelo DNIT, assim como
ocorreu com a Aldeia Itaty que fica na beira da BR 101.
Os guarani se dedicam a produção de
artesanato e esculturas para venda.
Fazem esculturas de macacos, onças,
tucanos, corujas, jacarés, entre outros seres que vivem na Floresta, é o que
chamam Nhande Ka'aguy Regua (nossos seres da floresta).
No artesanato, cada produto tem seu
significado particular e sua crença, tem sua própria história e função dentro
da Aldeia. E mesmo sendo comercializados, continuam considerados sagrados para
os guarani e usados no cotidiano. Por lá se compra pulseiras, brincos, colares,
anéis, presilhas, cintos, tornozeleiras, palitinhos de cabelo e cocares.
Na Aldeia também podemos encontrar
instrumentos musicais como chocalhos, paus-de-chuva e flautas o que eles chamam
de nhande mba'epu (nossos instrumentos musicais).
Com relação as crianças a maior fofura
da Aldeia é Gabriel, o mais novo com 3 meses.
Fizemos uma grande festa com cachorro
quente refrigerantes e distribuição de ovos de Páscoa para as 30 crianças da
Aldeia.
Tenho consciência que a probabilidade
dos indígenas em terem diabetes é muito maior do que dos não-índios e que não
estou nada certa levando açucares para as Aldeias. Mas era Páscoa! E uma vez
só, de vez em quando não vai fazer tão mal. Eles vivem da agricultura
totalmente, até mesmo pelo dificílimo acesso a BR 101. Estão praticamente
isolados.
O Professor José que dá aula na
escolinha é também um grande curandeiro que na Aldeia chamam de raizeiro. Ele
faz garrafadas para diferentes doenças e já se pode comprovar os resultados.
Valderez é uma que depois de uma garrafada de José nunca mais deixou de ir a
Aldeia.
Fiquei de mandar uma camisa do Botafogo
para Vinicius. Na verdade já postei a camisa. Fiquei mesmo é de voltar sempre!
A sensação que tive entrando na casa daqueles índios que nem me conheciam e me
receberam com tanto carinho é de que eu também estava em casa! E dessa luta não
sáio mais!
Os Guarani de Santa Catarina vêm com bastante dificuldade demonstrando
que a conquista da cidadania é uma tarefa que se faz cotidianamente. Numa
sociedade com tantas diferenças como é a brasileira, na qual a legislação nem
sempre é uma referência no balizamento e equacionamento dos conflitos, a luta
continua e tem importância crucial.
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