quarta-feira, 3 de abril de 2013

Aldeia Guarani Pirarupá - Palhoça - SC

Maria Rachel Coelho com as crianças da Aldeia Pirarupá

 
 
Maria Rachel Coelho com Valderez, Gabriel o mais novo guarani da Aldeia, Vinícius e com o Professor José e sua esposa.
 
Com Gabriel o mais novo guarani da Aldeia Pirarupá




Pirarupá é como se chama a Aldeia Indígena localizada no Massiambú, no Kilômetro 235 da BR 101 em direção ao Sul no Município de Palhoça em Santa Catarina.

Essa unidade local está relacionada e interligada com as demais comunidades Guarani por redes desociabilidade e parentesco definidores do território Guarani denominado Ywy Rupá. Todos os espaços Guarani em Santa Catarina, mesmo que fragmentados e descontínuos em sua base territorial, garantem as condições da sobrevivência física e cultural desse povo, conforme determina a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 231.


Pela BR 101, logo depois que passamos pela Aldeia Itaty tem uma entrada escondida à direita de quem vem do Município de São José em direção ao Sul (estrada geral do Massiambú, s/n). Ao entrarmos, ainda pegamos uns 25 km de estrada de terra, emburacada, mas inesquecível como patos, cavalos e outros animais que atravessam na frente do carro com a maior confiança de que vamos respeitá-los.

Pirarupá, em Guarani, significa o momento em que a maré sobe e as águas do mar trazem os peixes para o rio, formando um“Berço de Peixes”.

A Aldeia é composta de 13 famílias que também foram beneficiadas com a entrega de 10 casas pelo DNIT, assim como ocorreu com a Aldeia Itaty que fica na beira da BR 101.

Os guarani se dedicam a produção de artesanato e esculturas para venda.

Fazem esculturas de macacos, onças, tucanos, corujas, jacarés, entre outros seres que vivem na Floresta, é o que chamam Nhande Ka'aguy Regua (nossos seres da floresta).

No artesanato, cada produto tem seu significado particular e sua crença, tem sua própria história e função dentro da Aldeia. E mesmo sendo comercializados, continuam considerados sagrados para os guarani e usados no cotidiano. Por lá se compra pulseiras, brincos, colares, anéis, presilhas, cintos, tornozeleiras, palitinhos de cabelo e cocares.

Na Aldeia também podemos encontrar instrumentos musicais como chocalhos, paus-de-chuva e flautas o que eles chamam de nhande mba'epu (nossos instrumentos musicais).

Com relação as crianças a maior fofura da Aldeia é Gabriel, o mais novo com 3 meses.

Fizemos uma grande festa com cachorro quente refrigerantes e distribuição de ovos de Páscoa para as 30 crianças da Aldeia.

Tenho consciência que a probabilidade dos indígenas em terem diabetes é muito maior do que dos não-índios e que não estou nada certa levando açucares para as Aldeias. Mas era Páscoa! E uma vez só, de vez em quando não vai fazer tão mal. Eles vivem da agricultura totalmente, até mesmo pelo dificílimo acesso a BR 101. Estão praticamente isolados.

O Professor José que dá aula na escolinha é também um grande curandeiro que na Aldeia chamam de raizeiro. Ele faz garrafadas para diferentes doenças e já se pode comprovar os resultados. Valderez é uma que depois de uma garrafada de José nunca mais deixou de ir a Aldeia.

Fiquei de mandar uma camisa do Botafogo para Vinicius. Na verdade já postei a camisa. Fiquei mesmo é de voltar sempre! A sensação que tive entrando na casa daqueles índios que nem me conheciam e me receberam com tanto carinho é de que eu também estava em casa! E dessa luta não sáio mais!


Os Guarani de Santa Catarina vêm com bastante dificuldade demonstrando que a conquista da cidadania é uma tarefa que se faz cotidianamente. Numa sociedade com tantas diferenças como é a brasileira, na qual a legislação nem sempre é uma referência no balizamento e equacionamento dos conflitos, a luta continua e tem importância crucial.

 
 




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