quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

CONVITE: ENCONTRO DE LIDERANÇAS INDÍGENAS

Para construir uma nova história nos dias 18 e 19 de dezembro de 2010 na cidade de Bauru - São Paulo, no I Encontro de Lideranças Indígenas do Brasil promovido pela Associação de Mulheres Indígenas do Centro Oeste Paulista.
Um dos mais importantes eventos indígenas do Brasil.
RUA - LUIZ BERRO - nº 5-30 - JARDIM TANGARÁ- Chacará do ROBERTO - BAURU-SP. pegar a avenida CRUZEIRO DO SUL, asfalto novo. seguir até o final da avenida.




ASSOCIAÇÃO DAS MULHERES INDIGENAS DO CENTRO OESTE PAULISTA-AMICOP

P R O G R A M A Ç Ã O

- DIA 18.12.10 -

- 7:00- chegada dos participantes e credenciamento

- 8.30 – abertura do evento

- Mestre de Cerimônia – Silvia Nobre Waiãpi

- AMAURY VIEIRA - Coordenador Regional Litoral Sudeste

- ANILDO LULU – Coordenador Técnico Local de Bauru-SP-

- JUPIRA TERENA – Coordenadora do Evento

- RODRIGO AGOSTINHO – Prefeito Municipal de Bauru-SP

- PAULO SERGIO RODRIGUES –Prefeito Municipal de Avai-SP-

- PAULO ROBERTO SEBASTIÃO – Vereador Município de Avai-SP-

- MÁRIO DE CAMILO – Rep. ARPINSUDESTE

- JURACI CANDIDO DE LIMA – Cacica da Aldeia Pyhau

- MARIA ROCHA - Líder das Mulheres Indígenas

- Cacique ROBSON MIGUEL – Violonista Indígena – fará a abertura com HINO NACIONAL EM GUARANI.

Apresentação das delegações e autoridades presentes- pela Mestre de Cerimônia-
9.30 – inicio das reuniões-

- Dra. AZELENE KAIGANG
Tema: - “Desafios para implementação da Declaração das Nações Unidas Sobre os Direitos dos Povos Indígenas”

- Dr. ROBERTO DOS SANTOS LEMOS FILHO - Juiz Federal da 1 Vara da Justiça Federal de Bauru - SP
Tema:- Índios e Poder Judiciário

- Dr. GILBERTO TRUIJO –Comissão Direitos Humanos –OAB-
Tema – Direitos Humanos –Preconceito e Discriminação

- MARCOS TERENA –
Tema – “100 Anos de Indigenismo no Brasil”

12.30 – almoço

14.00 - JOÃO TERENA
Tema:- Jovem Indígena – Construindo, Participando e Discutindo A Política Contemporânea”

14.30 - EVANISA TERENA - Presidente do CONSELHO DA MULHER INDIGENA NO BRASIL-
Tema :- Conquistas e Desafios do CONAMI

15.00 - MIRIAN TERENA -Consultora para Assuntos do Direito da M.Indígena
Tema:- A Mulher Indígena e a Lei Maria Da Penha Nas Comunidades Indígenas.

15.30 - Dra. MARIA RACHEL COELHO PEREIRA - Advogada - Mestre em Direito - Parecerista em causas indígenas
Tema :-“Direito e Sexualidade e Direitos Reprodutivos”

16.00 - ACYR MOTA
Tema - Os Desafios da Implementação da Lei Maria da Penha

16.30 - INTERVALO

16.45 – Dra. Silvia Nobre Waiãpi
Tema – “Mulher Indígena e a Implementação da Saúde Pública”

20:00 – JANTAR e DESCANSO


DIA 19/11/10-

8.00 – CACIQUE MEGARON TXUKARRAMÃE
Tema:- TERRA – “Impacto Ambiental nas Comunidades Indígenas e a Hidroelétrica Belo Monte”

8.30 – CACIQUE RAONI
Tema – “Experiências, Lutas e Desafios por uma Política Indígena Contemporânea”

9.00 - Cacique ROBSON MIGUEL
Tema – “Terra – Fé e Espiritualidade Indígena”

10.15 – MÁRIO DE CAMILO –
Tema:- “Atuação da ARPINSUDESTE”

10.45 - JURACI CANDIDO DE LIMA
Tema:- “Desafios e Conquista De Uma Mulher Chefe De Nação”

11:20 - PAULO ROBERTO SEBASTIÃO
Tema:- “O Índio e Os Desafios Nas Conquistas Políticas”

11.45 - DIVISÃO DE GRUPOS

12.15 – almoço

13.00 – reunião dos grupos

15.00 – intervalo

17.30 – apresentação dos grupos e propostas

18.30 - documento final (assinaturas)

19.00 - encerramento e retorno para suas aldeias de origens

19.15 – jantar e despedidas (p/ quem não tem pressa de ir embora)


“O IMPORTANTE É – VIVER, SONHAR, CONQUISTAR, AMAR, O QUE É NOSSO – QUE É A NOSSA SAÚDE, A NOSSA VIDA , A NOSSA UNIÃO, A NOSSA FAMILIA E A NOSSA RAÇA INDIGENA, MEU POVO, VAMOS PARA SEMPRE AMAR A NOSSA TERRA, A NOSSA PÁTRIA AMADA , CHAMADA BRASIL”

“JUPIRA TERENA”
“2010”

Associação de Mulheres Indígenas do Centro Oeste Paulista - AMICOP
Jupira Terena
Presidente
amicopbrasil@gmail.com
http://amicop.blogspot.com/

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Funai convoca aprovados para escolha de vagas

A Fundação Nacional do Índio (Funai) convocou, ontem, os candidatos aprovados ao cargo de auxiliar em indigenismo para a escolha das unidades onde serão lotados, em obediência ao critério de classificação final.
Os 75 classificados vão poder optar por trabalhar nos Estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Amapá e Pará.
De acordo com o documento, os nomeados devem se apresentar para a cerimônia de posse até o dia 5 de outubro, nos endereços listados em edital. As informações foram publicadas no Diário Oficial da União, a partir da página 102 da seção 3.
O concurso ofereceu 425 oportunidades de níveis Fundamental, Médio e Superior. Houve chances para os cargos de auxiliar em indigenismo (75), agente em indigenismo (150) e indigenista especializado (200).
De acordo com o edital de abertura, as remunerações são de R$ 3.080,38, R$ 3.321,90 e R$ 4.085,28, respectivamente. Segundo informações do Instituto Cetro, empresa responsável pela seleção, foram contabilizados mais de 110 mil candidatos inscritos, o que representou uma concorrência de 259 candidatos por vaga.

Acordo entre MEC e FUNAI possibilita a implementação dos Territórios Etnoeducacionais

Em cumprimento ao Decreto nº 6.861, de 27 de maio de 2009, o Ministério da Educação (MEC), em parceria com a Fundação Nacional do Indio (FUNAI), Governos Estaduais e Municipais estão discutindo e pactuando com representantes dos povos indígenas sobre os Sistemas de Ensino, a implementação dos Territórios Etnoeducacionais como mecanismo institucional e gerencial para o desenvolvimento da educação intercultural indígena, considerando os contextos socioculturais e as perspectivas próprias de cada povo, seus projetos de futuro e de continuidade cultural.

Essa política propõe construir um novo modelo de planejamento e gestão da educação escolar indígena, que tenha como principal referência a territorialidade desses povos, ou seja, as suas especificidades sociolingüísticas, políticas, históricas e geográficas, que, na maioria dos casos, não coincide com as divisões político-administrativas em estados e municípios.

Os Territórios Etnoeducacionais são áreas definidas a partir de consulta aos povos indígenas, e estão relacionados à sua mobilização política, afirmação étnica e à garantia de seus territórios e de políticas específicas nas áreas da saúde, educação e etnodesenvolvimento, conforme determina a Constituição Federal de 1988. Pretendem também organizar um conjunto de redes e sistemas de ensino, pesquisa e extensão, organizações da sociedade civil e outros órgãos públicos, e pressupõem o protagonismo dos povos indígenas, enquanto sujeitos políticos de direitos na definição e condução de seus projetos societários, e na interlocução com os agentes públicos.

Como resultado, já foi firmado parcerias para desenvolvimento de ações em sete Territórios Etnoeducacionais, são eles: Rio Negro, Baixo Amazonas, Juruá/Purus, Conesul, Povos do Pantanal, Xavante, Xingu e Bahia) e outros 29 territórios estão em fase de implantação e consulta. Nesse processo estão sendo pactuados planos de ação entre representantes dos povos indígenas e das instituições com protagonismo na educação escolar indígena, com o objetivo de orientar as ações de cada uma dessas instituições no âmbito dos territórios para os próximos 4 anos. A execução desses planos de ação será acompanhada por Comissões Gestoras paritárias, compostas por representantes indígenas e das instituições. A articulação e operacionalização do processo são feito em conjunto MEC e FUNAI.
Confira o Calendário dos Territórios Etnoeducacionais, que podem ocorrer possíveis modificações: http://bit.ly/9JjYUa

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Brasil perdeu a guerra fria em 1964

Nesta solenidade sobre a resistência, a contribuição que a família Goulart pode oferecer - é suscitar o debate de que está na hora de admitir que o BRASIL perdeu a Guerra Fria.Após 40 anos da perda da nossa soberania, podemos encerrar a controvérsia, pois com a desclassificação dos documentos secretos norte-americanos estão definitivamente comprovados o patrocínio estrangeiro do golpe militar e o tamanho da farsa orquestrada em 01 de abril de 1964.
Quantas calúnias, injúrias e difamações sofreu a memória de meu pai, João Belchior Marques Goulart?Hoje, uma compreensão mais exata do processo de perda de nossa soberania demonstra de forma inequívoca que Jango foi sábio o suficiente para recusar uma guerra civil sangrenta planeada para quebrar a unidade nacional. Jango não teve como evitar a derrota de nosso país, mas é o maior responsável pela integridade nacional que ainda perdura!
Sim, o objetivo estratégico do golpe de 01 de abril de 1964 era uma guerra civil que inviabilizasse o nascimento de uma nova potência mundial no hemisfério Sul do planeta. Esta era a previsão da CIA e mais uma etapa da guerra fechada promovida contra o nosso país desde 1945. Ora, as dívidas de sangue não se apagam.Onde existem dívidas de sangue morre o bom senso, ninguém perdoa ninguém.Uma guerra civil sangrenta teria por resultado o separatismo ou o Brasil se transformaria num Líbano. Era a morte certa da 4ª. potência mundial.
Talvez poucos brasileiros tenham registro na memória que a popularidade de João Goulart na época do golpe militar alcançava a cifra de 80% (oitenta por cento) do eleitorado. O apoio de grande parte das forças armadas pode ser medido pelo fato dos golpistas precisarem afastar mais de 4.000 militares legalistas para consolidar a ditadura. A CIA contava com a resistência legalista!
A proibição de pegar em armas para resistir dada por João Goulart aos legalistas, pegou os mentores do golpe militar desprevenidos, pois do mesmo modo que Getúlio Vargas fez em outubro de 1945 diante do golpe apoiado pelo embaixador Adolfo Eberle, o exílio voluntário de Jango anunciava seu retorno quando o processo democrático fosse restabelecido. Tal como Vargas em 1950!
Daí somos obrigados a rever a morte do Marechal Castelo Branco, um marionete que não conseguiu nem ganhar a eleição para o Clube Militar em 1962, mas tinha assumido o compromisso público e moral de promover eleições democráticas em 1965. Como poderiam deixar o marechal promover eleições e restabelecer a democracia, se sob a legalidade Jango era imbatível?
Este é o legado político de Jango! A integridade Nacional. Ele sabia que por detrás dos traidores da pátria estava a maior potência militar do planeta e que não havia vitória pelo caminho das armas. Jango renunciou ao maniqueísmo estrangeiro que já tinha articulado o separatismo, conforme mostram os documentos desclassificados com a possibilidade de declaração de independência do Estado de Minas Gerais e o desembarque de tropas estrangeiras, caso houvesse resistência dos legalistas contra a insurreição militar!
Jango diminui o tamanho da derrota do Brasil com seu exílio voluntário em 01 de abril de 1964, mas o que precisamos entender é que a queda do governo de João Goulart representou um dos ápices da guerra fechada promovida contra a América Latina. O Brasil era um dos principais baluartes da democracia, da Autodeterminação e Independência dos povos. A queda do Brasil teve um efeito dominó sobre as demais democracias latino-americanas.
O Brasil de hoje precisa entender a extensão da derrota que sofremos. Como aconteceu a perda de nossa autodeterminação e de nossa vontade soberana? Precisa entender que nossa submissão à potência hegemônica foi resultante de uma estratégia de Guerra...
Ora, o que é uma guerra? Clausewitz dizia que “a guerra é mais que um duelo em grande escala. A guerra é um ato de violência que visa compelir o adversário a submeter-se à nossa vontade.”
Outro estudioso, Hans Del Bruck teria sido o primeiro a assinalar que como havia duas formas de guerra, limitada ou ilimitada; deduz-se que deve haver duas modalidades de estratégia : a da aniquilação e a da exaustão. Enquanto na primeira a meta buscada é a uma batalha decisiva na forma convencional; na segunda estratégia da exaustão, a batalha representa apenas um dos vários meios utilizáveis, que incluem o ataque econômico, persuasão política e a propaganda para que o fim político seja alcançado.
A estratégia de exaustão não foi concebida por Del Bruck, pois Frederico o Grande já a chamava de Estratégia dos Acessórios e na verdade, o emprego dela tem sido glorificado por séculos. A estratégia da exaustão era chamada de tática da Espada embainhada pelo chinês Sun Tzu que afirmava em seu livro sobre a Arte da Guerra:
“Lutar e vencer em todas as batalhas não é a glória suprema; a glória suprema consiste em quebrar a resistência do inimigo sem lutar”.
Especialistas afirmam que o advento das armas nucleares e que o uso da bomba atômica sobre a cidade de Hiroxima praticamente tornou obsoleta a guerra convencional. A estratégia da exaustão passou a preponderar na guerra moderna depois de 1945, sendo realizada por meio de ações indiretas ou espoliativas.
Em que consistem as ações indiretas da estratégia da exaustão? Podemos citar o general romano Flavius Vegetius: “É melhor dominar o inimigo, impondo-lhe a fome, surpresa ou terror do que por uma ação geral, pois nesta a sorte tem amiúde preponderado mais que o valor!”.
Do ponto de vista dos especialistas podemos consideramos a guerra fechada uma doença do organismo social e podemos afirmar que os sinais sintomáticos que nos permitem diagnosticar sua existência são: a Miséria, a Ignorância, a Violência, a Insegurança e a Quebra da Autoridade Moral.
A Miséria resulta num quadro de injustiça que impossibilita o crescimento do organismo social, pois estabelece um conflito interno que retira energias da sociedade. Como promover a miséria de outro estado?
No Brasil, historicamente, vem se adiando a Reforma Agrária desde a abolição da escravatura. Uma redistribuição de riquezas que era necessária para nossa pacificação social e um desafio que o Governo de João Goulart resolveu enfrentar porque tinha uma agenda de interesses nacionais a cumprir!
A principal arma utilizada para promover a miséria tem sido a usura.O sistema financeiro nada produz e a cobrança de altas taxas de juros retira todo o excedente de riqueza da sociedade, estanca o crescimento econômico, a criação de empregos e a conseqüente melhora de vida do trabalhador!
Principalmente, depois do Golpe de 01 de abril de 1964, o Brasil vem mantém uma das mais altas taxas de juros do mundo. Mesmo assim, continuamos crescendo, porque o governo de Jango, ao criar meios de financiar do sistema Eletrobrás em 1962, estabeleceu a expansão da matriz energética que sustentou o “Milagre Econômico”!
O bem estar criado pelo “milagre econômico teve pouca duração diante do processo hiperinflacionário da década de 80." Outro exemplo de usura que exauriu recursos e fez cair o padrão de vida obtido pela classe média na década de setenta.Todo nosso excedente de riqueza é drenado pelo sistema financeiro e pelo endividamento do Estado.
A manutenção das altas taxas de juros de hoje não encontra justificativa na atual economia do planeta e é sintoma de que permanecêssemos sob tutela alheia.O Brasil já perdeu tanta riqueza!
Em termos econômicos o Brasil perdeu o “negócio da China”. A leitura da crise de 1961 sob o ponto de vista da guerra fechada nos mostra que o objetivo principal da intervenção externa era impedir a consolidação do acordo de Pequim.
Vejamos qual foi a meta econômica visada pela guerra fechada: nós éramos 60 milhões de brasileiros e iríamos exportar para 800 milhões de chineses todo tipo de produto de alfinete à navio – o maior negócio da História da Humanidade!
O assunto era tão sério que o plano de invasão norte-americano do território do Brasil data do ano de 1961. A solução da crise pela implantação do parlamentarismo atendeu os interesses externos, pois entre os poderes do primeiro ministro estava a decisão de ratificar ou não os acordos internacionais...
Alguém quer calcular o tamanho do prejuízo que tivemos ao perder o “negócio da China”? Basta pensar que o segundo país a procurar a China foram os Estados Unidos, quando o dólar deixou de ter lastro em ouro e desvalorizou 70 % gerando uma crise econômica que nunca foi causada pelo preço do petróleo. Nixon foi à China, a guerra do Vietnam acabou e nós perdemos os frutos de um comércio bilateral explorado intensamente pelos norte-americanos desde 1971.Na verdade, o capitalismo brasileiro também foi derrotado a partir da década de 60 mediante uma estratégia de espoliação para gerar miséria no Brasil...
A estratégia da Ignorância também foi utilizada contra o Brasil primeiramente pelo uso da propaganda e da desinformação. Os documentos da CPI do IBADE mostram como a imprensa e os meios de comunicação sofreram uma investida irresistível.A imprensa nacional foi definitivamente contaminada, pois a mesma já vinha sendo utilizada para atacar o trabalhismo de Vargas.
No Governo João Goulart, a propaganda e a desinformação foram intensificadas! Além de derramar recursos em todo território nacional arrendando redações, contratando e demitindo jornalistas fornecendo recursos ao IBADE, a CIA por meio do IPES presidido pelo Golbery enviava um “informativo” semanal para a maioria dos oficiais da ativa das forças armadas, promovendo um recrutamento ideológico e buscando desestabilizar o governo por meio da difamação e da calúnia. O levantamento da pesquisadora Denise Assis, mostra que entre 16 e 1964, foram produzidos 200 filmes de propaganda pró-golpe de 1964. Um filme a cada três dias...
É óbvio que o desmantelamento da Universidade brasileira também pode ser creditado à estratégia da exaustão pelo fator da ignorância, mas o maior exemplo que podemos citar é o fim do programa de alfabetização de adultos criado por Jango em 1963 com o apoio do educador Paulo Freire. Em 1969, os analistas da CIA chegaram à conclusão que o programa de alfabetização precisa ser desativado porque estava levantando o nível de consciência política dos brasileiros...
Dá raiva saber disso, mas é preciso ter consciência de que ele usa o fator da Violência na Estratégia de exaustão para criar a insegurança pública. A insegurança contamina toda sociedade e drena energias que poderiam ser usadas para o bem estar social. Existe um estudo de uma pesquisadora norte-americana que explica que o súbito desmantelamento da polícia comunitária criada por Getúlio Vargas em 1933, a famosa dupla Cosme e Damião, tinha por objetivo desestabilizar a sociedade e favorecer o golpe de Estado com a quebra do aparato.
A retirada do policiamento das zonas pobres e periféricas teria ocorrido nos anos de 1957 e 1958 por influência do FBI e da CIA. Realmente, no ano de 1958, o Morro de São Carlos no Rio de Janeiro desceu para o asfalto para protestar contra a retirada do policiamento comunitário ali instalado há 25 anos: “Se retirar a polícia, a bandidagem vai crescer, seu doutor!”.
Uma pesquisa mais atenta dos acontecimentos próximos das eleições de 1960 vai apontar a promoção de diversos atentados à bomba sem autoria e sem explicação! Os documentos secretos em posse do Instituto João Goulart mostram que havia um atentado à bomba planejado para acontecer no comício da Central do Brasil em 13 de março de 1964 do qual os traidores desistiram para não criar um mártir.
Todos estes fatores da estratégia de exaustão trabalham para a divisão e a desintegração do organismo social, mas uma das piores feridas é provocada pela quebra da autoridade moral, pela traição e pela corrupção.
A contaminação das forças armadas brasileiras tem início na Itália e têm entre seus personagens a pessoa de Vernon Walters conhecido pela capacidade de interrogar, quebrar a resistência e converter os soldados alemães em colaboradores. Em 1942, os norte-americanos tinham 11 (onze) centros de inteligência militar instalados no Brasil. Toda rede nazista de espionagem no Brasil foi herdada pelos Serviços de Inteligência norte-americana e monitorada pelo futuro diretor da CIA Allen Dulles. Em 1942, Golbery freqüentava uma academia militar nos Estados Unidos. Em 1943, 03 geólogos norte-americanos foram enviados ao Brasil para fazer um levantamento das jazidas minerais que os Estados Unidos classificaram como reserva estratégica...
A quebra da autoridade moral se dá pelo uso da calúnia. A calúnia tem a natureza do carvão quando não queima suja. Foi intensamente usada contra Getúlio Vargas, pois era preciso desmistificar o “Pai dos Pobres”. E para isso se criou uma mentira fortíssima, acusaram Getúlio de mandar uma mulher grávida para os fornos nazistas, quando Olga Benário foi extraditada por ordem do Supremo Tribunal Federal em 1936, antes do Estado Novo.
O delegado Pastor que presidiu o inquérito do atentado da Toneleros está vivo e pode confirmar que o Major Vaz tinha dois tiros cruzados no coração, pelo que existiam dois atiradores de elite, e por conseqüência, podemos deduzir que Carlos Lacerda, o tal que engessou o pé ferido por bala, nunca foi o alvo real...
Golbery esteve presente em todas as insurreições militares desde o golpe de outubro de 1945 até o golpe de 01 de abril de 1964! Golbery escreveu o manifesto dos ministros militares contra a posse de Jango e presidiu o IPES sendo assalariado pela CIA. O corpo de espionagem norte-americano no Brasil inclui o embaixador brasileiro e sua esposa em Cuba em 1961 que recrutaram a irmã de Fidel para trabalhar para a CIA.
O embaixador Pio Correa antes de criar o Serviço de Informações do Itamaraty, fez trabalho de campo como espião para a CIA no México, recebendo elogios da Agência norte-americana em 1964, antes de ser nomeado embaixador no Uruguai para vigiar o presidente no exílio.
Jango foi alvo de uma intensa campanha de difamação. Antes durante e depois do governo foi acusado de comunista. Jango nunca foi comunista, mas como de fato ficou registrado pelo próprio Kennedy em gravações na Casa Branca, admitia que o presidente brasileiro não fosse, mas que esta difamação seria uma das armas usadas contra ele.
Jango foi alvo de mais de 200 processos promovidos para manchar sua reputação e honra, mas se defendeu em todos e provou sua inocência. Jango foi acusado de presidir um governo fraco, mas na verdade a história demonstra que reuniu um ministério de notáveis e desenvolveu um projeto de nação capaz de gerar o desenvolvimento nacional.
A quebra da autoridade moral não está circunscrita a pessoa do presidente João Goulart, foi extendida a todos os homens comprometidos com o nacionalismo e dois anos antes do golpe um relatório do setor de informações já apresentava a lista de todos os homens do governo Jango que seriam caçados e perseguidos em 1964.
Diversas “covers actions” forma promovidas contra o Brasil e a diversificação, o número e os recursos envolvidos são espantosamente altos. O pesquisador Carlos Fico da UFRJ lista dezenas de tipos de ações encobertas no seu livro o Grande Irmão cuja conclusão é pobre, pois responsabiliza os brasileiros pelos resultados de uma irresistível Guerra Fechada promovida por meio de ações indiretas.
A CIA patrocinou a campanha de deputados e senadores que fizeram e/ou permitiram a fraude da declaração de vacância da presidência. A CIA também patrocinou passeatas e usou o manto sagrado de Deus e da Família para recrutar colaboradores em todas as camadas de nossa sociedade. Hoje, estas pessoas, autoridades, senadores, deputados, generais, empresários, funcionários públicos e muitos outros só podem ser considerados inocentes úteis ou traidores na História do Brasil.
O departamento de Estado norte americano e a CIA tiveram de cumprir leis e divulgaram provas suficientes de que Jango é o mártir da causa republicana no século XX. Perdemos nossa soberania em 01 de abril de 1964!
A difícil decisão de Jango de combater o golpe sem fazer uso das armas, preservou nossa integridade territorial. O que fazer? Ficar em silêncio quando finalmente existem documentos que desautorizam a continuidade da Mentira e desnudam a verdadeira face dos golpistas como traidores do Brasil!
A maior autoridade diplomática norte-americana no Brasil de 1964, o embaixador Lincoln Gordon veio ao nosso país em 2002 vender a confissão de que a CIA tinha patrocinado o golpe e a eleição de membros do congresso nacional!
O que fazer? A família Goulart decidiu processar o governo norte-americano que descumpriu sua própria carta constitucional e todos os compromissos de Estado assumidos pelos Estados Unidos da América mediante a subscrição da Carta da OEA.
O Brasil precisa conhecer o valor do Estadista que preservou a unidade nacional, quando a tirania tomou conta do Brasil. Jango precisa receber o desagravo devido ao líder legítimo desta nação que foi alijado da presidência por forças e interesses estrangeiros e de traidores.
O verdadeiro resgate da soberania nacional começa com o desagravo e o reconhecimento públicos do valor da resistência pacífica de Jango contra a insurreição militar dos traidores de nossa pátria que preservou a integridade nacional.
Acreditar que não podemos mudar nosso país e que precisamos nos conformar com a situação é obedecer à psicologia de massa usada como amortecedor pelas forças que atuam para impedir o exercício de nossa soberania!
Acreditamos que, neste momento, a defesa da soberania do Brasil precisa obedecer aos princípios consagrados pela política de Estado de Jango: Resistência Pacífica, Legalidade, Diálogo, Democracia e Justiça Social!
João Vicente Fontella Goulart

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Amazônia Século XXI – Sobre os Novos Amazônidas

*Por Sandoval Amparo
Foto: Sandoval Amparo sendo pintado pelo Kaikware no Moikarakô, durante a festa do Milho



Quando no segundo semestre de 2000 assisti à palestra da Bertha Becker, renomada geógrafa e professora do famoso e importante Departamento de Geografia da UFRJ era ainda um iniciante nas questões da Geografia ativa, literalmente, pois era calouro da UFF, e esta tinha sido a palestra inaugural da minha turma, tendo sido neste semestre que iniciamos nossa jornada por este importante rumo que é a Geografia. Confesso que sabia muito pouco sobre as coisas naquela época. Me fascinava as aulas do Carlos Walter (premiado Prof. Dr. Carlos Walter Porto Gonçalves, da UFF), a geomorfologia e os mapas e imagens de satélite do Rio de Janeiro expostos no Departamento de Cartografia e, principalmente, as atividades de campo, prática de extremada importância na formação do geógrafo qual seja o campo de atuação que tenha este escolhido.



Muito atento, mesmo sem saber direito de quem se tratava, lembro ainda hoje da exposição da Profa. Bertha, depois publicada em livro, mesmo tendo ficado um tanto triste com o fato de não termos pegado a palestra do Prof. Aziz Ab’Saber, talvés o mais importante geógrafo brasileiro da história (juntamente com o Milton Santos e Josué de Castro), que houvera feito preleção à turma que nos antecedeu em um semestre. Daquela palestra no auditório Milton Santos, no Instituto de Geociências da UFF, me lembro particularmente de dois pontos da exposição da Profa. Bertha que me chamaram a atenção. Ela alertava aos alunos que haviam ido para a geografia através de uma leitura romantizada da natureza que: 1. A geografia é, antes de tudo, uma ciência social; e 2. Que a Amazônia do século XXI é, finalmente, uma região dominada pelo pensamento urbano, tendo apresentado dados que mostravam a existência em toda a Amazônia legal de quase dois mil núcleos urbanos, com uma população total superior a 10 milhões de habitantes, milhares de veículos, e que destas cidades partem as políticas e ideogramas que foram e são aplicados na região.



A pertinência da observação da ilustre geógrafa, uma das fadas-madrinhas do sucesso e reconhecimento profissional que os geógrafos tem conhecido neste início de século XXI é notável. À excessão de Manaus, Belém e outros núcleos distantes fundados segundo um padrão militarista de uso de território, assim mesmo sempre associados à exploração de recursos como a seringa, a castanha e outros, a maioria das cidades amazônicas são de quarenta, cinqüenta anos pra cá, tendo sido fundadas no rastro da Expedição Roncador-Xingu, famosa expedição idealizada pelo Ministro João Alberto durante o governo Getúlio Vargas, em plena II Guerra Mundial (década de 1940), que ficou conhecida como a “ultima bandeira” realizada no Brasil, e que legou ao mundo a figura carismática dos irmãos Villas-Boas e a demarcação do Parque Indígena do Xingu, considerado como a grande obra duradoura deixada pelo efêmero e polêmico presidente Jânio Quadros, segundo Antônio Callado.



Pois bem, as cidades amazônicas do século XXI nada tem do paraíso idílico que ainda apaixona a milhares de jovens e senhores dos principais núcleos urbanos do Brasil litorâneo, do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre. Ao contrário, constituem cidades que foram fundadas com o objetivo básico e já velho conhecido deste suado país, de inibir e se possível, extinguir a presença indígena do território, ou seja, estas cidades exercem grandes pressões sobre as áreas demarcadas para os índios. Aos poucos, toda grande extensão de terras amazônicas que não estão demarcadas são culturalmente dominadas por não-índios, de diferentes origens: sulistas, paulistas, goianos e maranhenses, dentre outros... De acordo com suas origens, estas pessoas, os novos amazônidas, assumem funções específicas neste processo incessante denominado de territorialização pelo querido antropólogo João Pacheco de Oliveira Filho, a continuidade do processo de branqueamento da população. Os sulistas na Amazônia constituem a exegese do processo de colonização ocorrido ao longo do século XIX no sul do país. São em sua maioria produtores de soja, trigo e grãos em escala industrial. De um modo geral abominam o índio e suas representações, que segundo eles, são preguiçosos e vagabundos, porque possuem muitas terras e nada produzem nelas, além de viverem sempre lhes trazendo prejuízos diversos, devido aos negócios que são fechados com base na exploração dos recursos da aldeia, mas que são sempre coibidos por iniciativa da Funai. Não raro ouve-se de alguns deles que coisas do tipo, se você gosta de índio, leva o Paiakan pra sua casa e dê de mamar a ele...



Goianos e mineiros são os produtores de gado e fazendeiros. Andam em suas caminhonetes e tão grande é a influência, que a maioria das cidades da Amazônia oriental, nos estados do Pará e Mato Grosso, parecem culturalmente mais ligadas a Goiânia que a Belém ou Cuiabá. Goiânia, de fato, é cidade onde possuem suas residências a maioria dos grandes fazendeiros desta região. E também onde o filhos mais nobres destas cidades se deslocam para cursarem suas faculdades de Direito, Odontologia e Medicina, e também de onde vem a maioria dos músicos de musica sertaneja que cruzam o sertão amazônico numa febre que faz com que milhões de residentes além dos próprios índios se deslocarem para as cidades quando rola um show do Bruno e Marrone ou Gino e Geno, dentre outros. Os brasilienses e pessoas vindas de outras capitais, como Belém, Cuiabá, Rio de Janeiro e São Paulo, vem geralmente para assumir funções destacadas no serviço público ou nas empresas mineradoras e outras que com os anos vão se instalando na região, afim de promover a exploração dos recursos. Disputam com os fazendeiros a categoria de elite local, pois são geralmente pessoas bem formadas, mas que não possuem o poder econômico e político, na mão dos primeiros.



Maranhenses, cearenses, nordestinos em geral, como reza a velha prática, são aqueles que assumem as funções mais árduas: são os trabalhadores braçais, os peões das fazendas, os garimpeiros do árdua labuta em condições precárias, os executores de aluguel, etc.
Nestas cidades, crescem vertiginosamente as periferias e favelas. No Pará, por exemplo, quase não há asfaltamento e serviços públicos efetivos: educação precária, saúde precária, membros dos poderes públicos precariamente mobilizados e as instituições públicas prevalece o interesse privado sobre o coletivo. Drogas, inclusive pesadas, que assolam os grandes centros, já se fazem presentes nestas cidades, e cada vez é maior o número de viciados em químicos como cocaína, que chega diretamente de países como Bolívia e Colombia através das inúmeras pistas de pouso clandestinas, e craque, a nova epidemia do século XXI. Nas festas organizadas por agroboys, caminhonetes com sons superpotentes ostentam a música de DJs famosos, mesclada a músicas regionais, como o calipso e outros ritmos. O consumo de álcool é algo muito comum, inclusive por crianças, bem como o uso de motos em quaisquer condições, sem capacetes ou quaisquer materiais de segurança. Jovens empinam suas motos como se fossem pipa na praça central de Tucumã, e ao invés de reclamações, são aplaudidos por aqueles que desejam imitá-los. As motocicletas são, juntamente com a caminhonete, os veículos mais encontrados nesta região, devido às facilidades e ao baixo consumo de combustível. O uso de capacete ou cinto de segurança é motivo de deboche, coisa de fresco, como por aqui se diz.



O índios, antigos moradores destes locais onde hoje se instalaram cidades como Redenção, Marabá, Tucumã, São Felix do Xingu, Canarana, Barra do Garças, dentre outras tantas, são mal vindos nestas cidades: tanto os agentes da Funai, em sua maioria com origens semelhantes aquelas descritas acima, quanto os regionais em geral, relatam que os índios estão perdendo sua cultura, que não querem mais ficar em suas aldeias, que agora só querem viver nas cidades, beber refrigerantes e cerveja, e andar em caminhonetes. Há aqueles que acreditam, equivocadamente, com base em fatos inverídicos, que os índios recebem cada um um salário da Funai, o que aliás, acham um absurdo, já que os índios vivem, segundo crêem, melhor que eles.
Em nossa dissertação de mestrado, defendida recentemente junto à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB, apresentamos nossa posição sobre este tema. A mesma está disponível para download no site do Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo daquela universidade. Não será o caso de abordá-la, pois a mesma trata de outra região que não a Amazônia. Entretanto, na parte em que faz uma abordagem geral das relações entre indigenismo e urbanização, defendemos que esta perspectiva é bastante conservadora e, agora, sem a pressão da banca ou de um trabalho acadêmico, diríamos até equivocada: a aldeia não é o lugar do índio, mas tem sua duração – ou pelo menos tinha – associada a um ciclo que envolvia a roça, a festa e o ritual, após o que migravam suas aldeias de lugar. Segundo Paulinho Paiakan, destacada liderança Kaiapó (mebengokré) e servidor da Funai qui em Tucumã, as aldeias dificilmente duravam mais que dois anos – a mobilidade era muito mais efetiva que a fixidez. Atualmente, sem ter mais para onde migrar dentro de um domínio fitoecológico, As aldeias acabaram por sedentarizar-se, ilhadas por cidades e fazendas que se situam ao longo de todas as terras indígenas demarcadas. Com isso, os índios não podem mais dar-se ao luxo de extinguir, dividir o grupo e fundar aldeias novas em locais distantes, como era típico de suas tradições, pois os locais para edificação de aldeias são cada vez mais escassos, sendo agora restritos à Terras Indígenas demarcadas.



Considere-se ainda que nenhuma terra indígena corresponde efetivamente aos territórios ancestrais de domínio de determinado grupo, sendo antes, a expressão de uma política autoritária até, que restringe os índios a estes territórios, e com base no que se funda o argumento preconceituoso exposto anteriormente, no qual o índios não quer mais viver nas aldeias. Infelizmente, muitas terras indígenas são a expressão de indigenistas positivistas e muitas vezes arbitrários, que objetivavam não mais que mostrar serviço, deixar um legado para seu reconhecimento diante dos índios.



Esse é, pois, o legado do século XXI. A Amazônia urbanizada que daria inveja aquele colega que uma vez disse, em tom de sátira que por ele, derrubava tudo e contruía um grande estacionamento na Amazônia, em tom de deboche contra um ambientalista chato que nos incomodava enquanto tomávamos nossa cerveja no Bar do Osama, em Niterói... A Amazônia do século XXI é marcada pelo medo e pela violência, é um esaço dominado pelo tiro, e os índios, ai, que será destes índios, o progresso avança assolador sobre seus costumes e terras ancestrais...
Por fim, concluímos com as palavras de Orlando e Claudio Villas-Boas, que pensaram esta região, o Xingu, como “novos São Franciscos” da integração nacional, remetendo talvés ao próprio modo oligárquico como a coisa ocorreu no nordeste agrário. Eis a palavra de ambos:

“O grande sertão do Brasil central, compreendido entre o rio Araguaia eseus afluentes da esquerda, a leste, o Tapajós com seus formadores a oeste, os chapadões mato-grossenses ao sul, e uma linha corresponde aproximada ao paralelo 4 (da latitude sul), que corta aqueles rios na altura dos seus grandes encachoeirados, com uma área de aproximadamente um mihão de quilômetros quadrados, até poucos anos era a região menos conhecida de todo o continente americano, talvez do mundo. Mas não era somente a vastidão deserta, aureolada de lendas e mistérios, que empolgava a imaginação e acendia o entusiasmo de todos ao iniciar-se o movimento desbravador da Expedição Roncador-Xingu. Com mais realismo, via-se também naquilo tudo um conjunto verdadeiramente formidável de recursos e condições indispensáveis para o completo desenvolvimento futur do país: na fecundidade das imensas glebas virgens, nas incalculáveis riquezas que deviam se acumular no solo e subsolo inexplorados, na impressionante pujança dos grandes rios centrais que, correndo de sul ao norte, transformar-seiam em novos “São Franciscos” da integração nacional. (Orlando e Claudio Villas-Boas, 1994, p.41-2)


Para os interessados, algumas referências:

A Marcha para o Oeste: a epopéia da Expedição Roncador-Xingu. Orlando e Claudio Villas-Boas, Ed. Globo, 1994.

Indigenismo e Territorialização: práticas, rotinas e saberes coloniais no Brasil contemporâneo. João Pacheco de Oliveira Filho (Org.). Ed. Contra-Capa, 1998.

Projeto Calha Norte: militares, índios e fronteiras. João Pacheco de Oliveira Filho & Antônio Carlos de Souza Lima. 1991, PETI/UFRJ.

Indigenismo ou colonização. Roberto Cardoso de Oliveira in Revista Civilização Brasileira, Ano IV. n. 19 e 20., P. 168-179.

A Amazônia e a política ambiental brasileira. Bertha Becker in Santos et alli. Território, Territórios: ensaios sobre ordenamento territorial. Ed. Lamparina, 2007.

A globalização da natureza e a natureza da globalização. Carlos Walter Porto-Gonçalves, Ed. Record, 2003.




*Sandoval Amparo



Geógrafo da FUNAI desde 2004, Msc. Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília,
com dissertação intitulada Sobre a organização espacial dos Kaingáng, uma sociedade indígena Jê meridional.
Reside em Tucumã, no sul do Pará, onde desenvolve atividades junto aos Kaiapó-Mebengokré.


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

DPU em defesa do Antigo Museu do Índio no Maracanã

Foto: O Defensor Público André Ordacgy com a Professora Maria Rachel Coelho


Durante toda a manhã a professora Maria Rachel Coelho esteve em reunião com o Defensor Público André Ordacgy, titular do Ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva para tratar do tombamento do prédio do Antigo Museu do Índio no Maracanã.

Inicialmente André vai oficiar o INEPAC para obter informações acerca do pedido de tombamento feito a este órgão em abril de 1997. O prédio pode até já estar tombado. De acordo com este resultado o defensor público, então, pedirá ou não seu tombamento ao IPHAN.
Com o prédio tombado, o poder público terá que restaurá-lo e preservá-lo. Com isso, ele cumprirá a condição estabelecida em escritura pública de doação feita pela Alteza Real Senhor Duque de Saxe.

O imóvel foi doado por Duque de Saxe em 1865 com cláusula que o condicionava a pesquisa sobre as populações originárias e suas sementes domesticadas.

sábado, 17 de julho de 2010

Lançado no Museu do Índio: Rondon a Construção do Brasil e a Causa Indígena

Lançado ontem no Museu do Índio, RONDON a Construção do Brasil e a Causa Indígena.
Além de várias lideranças indígenas, presentes também no evento o ministro da Justiça, Luiz Paulo Telles Barreto e representando a Família do Marechal Rondon, seu neto, Ângelo Rondon.
Fiquei bastante honrada em conhecer o neto de Cândido Mariano da Silva Rondon, Ângelo Rondon. Na foto também com a Professora Maria Rachel Coelho e o cacique Akijabor Kayapó.

O Presidente da FUNAI , Marcio Meira agradeceu a Jorge Alfredo Streit, Presidente da Fundação Banco do Brasil que é talvez a maior parceira e apoiadora da FUNAI desde 2008.

Com Donaldo kinthaulu


Com Daniel Pareci


Rondon

Um grande defensor dos indígenas brasileiros, desbravador de terras distantes e deconhecidas, de selvas e sertões. Um descobridor do Brasil. Assim foi Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958), que esteve à frente da implantação das linhas telegráficas no Brasil.

Pacifista adotou em relação aos indígenas o lema “Morrer se preciso for; matar nunca!”.
Gerou uma nova relação entre o Estado e as populações indígenas, foi responsável pelo Dia do Índio e fundou o Museu do Índio com Darcy Ribeiro, na Rua Mata Machado, no Maracanã: http://www.fundar.org.br/darcy_antropologia_musindio_1.htm

Descendente de índios, nasceu em maio de 1865 em Mato Grosso. Estudou Engenharia, Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Teve grande importância na busca da integração nacional, tendo como Princípio o Positivismo do qual se tornou adepto.

Entretanto, seu trabalho foi muito além do que lhe cabia. Percorreu mais de 50 mil quilômetros em território nacional,conhecendo dezenas de indígenas, bem como incluiu nos mapas rios ainda não identificados.

Por tudo isso Marechal Rondon é o homenageado do ano (12ª edição) do Projeto Memória, que é uma parceria entre a Fundação Banco do Brasil e a Sociedade de Amigos do Museu do Índio (SAMI) .


O Projeto Memória

Uma exposição itinerante circulará por 800 municípios brasileiros de norte a sul. A iniciativa conta ainda com um vídeo-documentário e livro foto-biográfico, que serão dirigidos para 5.300 bibliotecas públicas do País, além de um kit pedagógico, contendo um almanaque histórico e um guia do professor, que será destinado para 18 mil escolas públicas. O projeto também terá uma página sobre a vida e a luta do Marechal Rondon na internet.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A SAGA DOS WAIMIRI-ATROARI

Há algum tempo vem circulando na internet um email em nome de Mara Silvia Alexandre Costa supostamente do Depto de Biologia Cel. Mol. Bioag.Patog. FMRP – USP, que também vem assinado por Celso Luiz Borges de Oliveira, supostamente, Doutorando em Água e Solo FEAGRI/UNICAMP,ambos fazem, sem provas, referências absurdas sobre a Reserva Indígena Waimiri-Atroari até mesmo afirmam que existem bandeiras americanas e inglesas hasteadas no local. Que estrangeiros mandam no pedaço e autorizam ou não a passagem das pessoas no trecho da BR 174 na altura da Reserva.

Só que essa brincadeira passou dos limites, pedem,com ar de terrorismo, para que os destinatários repassem o email de modo a formarem uma rede.

Você que conhece a Reserva e sabe que tudo isso não passa de uma grande mentira peço ajuda na divulgação desse post. Mas se você nunca passou por lá e é um dos que recebeu esse email por favor leia com atenção a verdade sobre a história das aldeias e da construção da BR-174

No mais, podem deixar que tomaremos as providências judiciais cabíveis.
Maria Rachel Coelho
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A SAGA DOS WAIMIRI-ATROARI
*Por João Américo Peret



Em 1967, o Cel. Mauro Carijó, Diretor do Der-Am,veio ao Rio de Janeiro “pedir” governo militar ao Dr. Gama Malcher, diretor do SPI/FUNAI que retirasse 11 aldeias de índios selvagens que flecharam seu avião. O caso aconteceu quando fazia vôos de reconhecimento para a construção da BR-174 Manaus-Roraima. Alegou que era questão de “segurança nacional” e que os índios não podiam atravancar o progresso e interesses do Brasil.

A conversa se tornou calorosa, porque Dr. Malcher, profissional de carreira em via de aposentadoria, era um ferrenho defensor dos direitos indígenas. E não tinha “medo de caretas”.

Nas fotografias aéreas apresentadas pelo Cel. Carijó, as choças “cogumelos gigantescos”,com mais de 80m de diâmetro, abrigava a população inteira. As roças eram abundantes,a região era de natureza bruta intocada com rios de águas negras,corredeiras e cachoeiras,como veias da floresta bem copada. Calculamos no total uns 6.500 índios povoando a região. Pela localização seriam os antigos Jauapery (Waimiri-Atroari).

Eram tempos de mudanças e transformações,o SPI virava FUNAI. Sem verba e com poucos sertanistas: irmãos Villas Bôas, Francisco Meireles, Cícero Cavalcante, Peret (autor) e João de Carvalho. Ocupados em trabalho de campo. Sugeri o colega Gilberto Pinto (ajudante de sertanista) para ser promovido e tratar do caso. E sugeri ao Cel. Carijó que fizesse o apoio logístico com helicóptero para acelerar os primeiros contatos,depois o Gilberto prosseguiria no sistema tradicional,mais lento e eficaz.

Em julho de 1968,o sertanista Gilberto conseguiu o primeiro contato amistoso com os ditos “selvagens”. O sr. José Queiroz Campos, jornalista assumiu a presidência da FUNAI (não entendia lhufas de índios). Mas fazia parte das “forças ocultas: políticos, latifundiários, empresários, missões religiosas”. Retiraram o sertanista Gilberto Pinto (FUNAI), e colocaram no seu lugar,o padre Giovanne Calleri, italiano, sem nenhuma experiência com índios (Missões Consolata(RR).

No final de 1968,a expedição Calleri desapareceu na floresta... O PARA-SAR (Grupamento de Busca e Salvamento –FAB) ficou 20 dias procurando e dizendo coisas... O sertanista Gilberto Pinto (retirado do serviço), recusava-se a ajudá-los nas buscas (e com muita razão). O Ministério do Interior e de Relações Exteriores, pressionaram a FUNAI para ajudar nas buscas. O Dr. Malcher, consultado sugeriu meu nome. Fui. Por razões óbvias o Cap. Lessa, comandante do grupamento não ficou feliz com minha presença. Provei minha experiência e desinteresse na mídia e assim fui incorporado.

Resolvemos o caso:os índios cortaram uns cipós; segui este sinal,sozinho,sob protesto do Major Lessa. Encontrei os restos mortais de uma mulher. Gritei chamando o PARA-SAR. Enquanto examinavam o achado, segui outra pista e encontrei os restos do Padre Calleri atrelado ao de outro homem. O PARA-SAR completou as buscas e o translado para Manaus.

Meses depois o sertanista Gilberto Pinto reassumiu a pacificação dos Waimiri-Atroari. Em 1972 consolidou os contatos e instalou Postos de Assistência. Levou os caciques e familiares para conhecerem Manaus. Era amado pelos índios que o chamavam de “Pai Gilberto”. Mas o sertanista da velha guarda,incorruptível,era contrário que a BR-174,passasse dentro das aldeias. Estranhamente Gilberto Pinto foi morto no Natal de 1974. Consta que “forças ocultas” (seriam compostas por políticos,latifundiários, empresários,missões religiosas). O sertanista Porfírio de Carvalho denunciou pessoas envolvidas no crime.consta até que nos ferimentos à bala, colocaram flechas dos índios para incriminá-los. O certo é que a família do Gilberto não pode ver o corpo.

O sertanista Porfírio de Carvalho substituiu o Gilberto e novamente pacificou os Waimiri-Atroari. Mas ferrenho defensor dos índios, protestava contra a BR-174 e as “forças ocultas”. Por isso foi enxotado da FUNAI... Desgostoso, foi morar em Brasília,fez faculdade e ficou por lá.

A BR-174 atropelou as Aldeias dos Waimiri-Atroari. E os índios que em 1967 seriam mais de 6.000 (seis mil),nos últimos anos estavam reduzidos a uns 380 (trezentos e oitenta). Suas terras passaram às mãos das ditas “forças ocultas”. Construíram a cidade de Presidente Figueiredo, a maravilhosa Cachoeira Maruaga (do cacique Atroari) virou atração turística. Construída a Hidrelétrica de Balbina que afogou o meio ambiente,e transformou a região num pântano fétido.; a Eletronorte explora energia elétrica e minério; o governo distribuiu as terras dos índios como devolutas. As índias foram prostituídas e a miséria se abateu sobre esse povo ao longo da BR-174.

Os índios ficaram numa Reserva Indígena diminuta. Mas são bravos! Não desistem nunca! E recuperaram a dignidade com a força interior!

Um jovem Waimiri foi enviado a procurar o “Pai Carvalho”, pegou carona num caminhão, em Manaus virou “menino de rua” perambulou indagando pelo “Papai Carvalho”.Alguém o achou parecido com índio e o levou para FUNAI.Na FUNAI ninguém sabia do paradeiro do “Pai Carvalho”.Colocaram-no num avião para Brasília. Lá virou “menino de rua”, até que identificado como índio foi levado para FUNAI. Com dificuldade foi descobrir o ex-sertanista Porfírio de Carvalho na secretaria do deputado Mario Juruna. Abraçaram-se e choraram de emoção.

O menino explicou no idioma:

- Papai Porfírio,você tem que voltar comigo para a Aldeia.Nosso povo ta acabando!

O ex-sertanista abandonou o emprego e voltou a Reserva Indígena que havia criado para os Waimiri-Atroari. A Aldeia só tinha jovens,os mais velhos haviam sido dizimados por doenças, promiscuidade, e a ferroe fogo, bala.

Porfírio reorganizou os índios dentro da tradição cultural indígena. Entrou na justiça e foi conseguindo indenizações pelos prejuízos que o governo e as “forças ocultas” deram a esses índios.
Contratou professores e técnicos de várias áreas para ensiná-los a ler e escrever em português, tecnologia para desenvolver projetos ecológicos e a região foi transformada em berçário da fauna, recuperação da flora, piscicultura,tartarugas etc.A região é Reserva Biológica. Por fim começou a comprar as terras indígenas que lhes foram tomadas. Amparados legalmente conseguiram autorização para construir guaritas e cobrar pedágio,nas suas terras invadidas pela BR-174. A noite eles barram a passagem de veículos e pessoas estranhas para não perturbarem a vida na Reserva Biológica e a eles, filhos da natureza.

Em 2006 os Waimiri-Atroari me convidaram para festejar o nascimento da milésima criança Waimiri-Atroari.

Mas as “forças ocultas” não lhes dão guarida. Na Reserva Indígena só entram pessoas de reconhecida idoneidade moral e de real comprometimento com a causa indígena.

São fantásticos esses índios Waimiri-Atroari. Em poucos anos tornaram-se competentes para gerir os próprios destinos. E o amigo mais amado – PAPAI CARVALHO.


*Peret, Ex-sertanista do SPI/FUNAI,58 anos ao lado dos índios

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Comunidade Waimiri Atroari comemora o milésimo nascimento :

Os índios Waimiri Atroari, habitantes da Terra Indígena homônima, situada ao norte do Amazonas e sul de Roraima atingiram a população de mil pessoas com o nascimento de um menino, filho do casal Anapidene e de Ketamy, no último dia 26 de setembro, na aldeia Yawara. A chegada do milésimo kinja, auto-denominação dos Waimiri Atroari, representa a recuperação desse povo, que esteve próximo à extinção na década de 70, com o avanço da construção da estrada que liga Manaus (AM) à Boa Vista (RR) e da atividade mineradora na região. A recuperação dos Waimiri Atroari foi possível, graças ao Programa Waimiri Atroari.

O indigenista Porfírio Carvalho, servidor aposentado da Funai, é o coordenador do Programa Waimiri Atroari, criado em 1987 para recuperar o processo de repopulação e provável extinção desse povo. Segundo Profírio, o Programa foi elaborado em conjunto com os indígenas, com a participação de profissionais e técnicos especializados em diversas áreas. O objetivo inicial foi recuperar as terras e proporcionar sustentabilidade, com qualidade de vida para esses indígenas, ameaçados com o avanço desenvolvimentista da década de 60/70. Hoje, o programa emprega mais de 80 técnicos, cuida da saúde, educação, cultura e sustentabilidade econômica desse povo e tem o site http://www.waimiriatroari.org.br/.

Em 1969, quando Carvalho conheceu os Waimiri Atroari, eles eram altivos e guerreiros. Ao reencontrá-los em 1986, "estavam doentes, tristes, perambulando pela BR 174 (Manaus-AM a Boa Vista-RR), esmolando carona e comida dos caminhoneiros. Morriam, em média, 20% ao ano e caminhavam para a extinção", relata o indigenista, que sempre se dedicou à questão indígena, e hoje trabalha especialmente, junto aos Waimiri Atroari e aos Parakanã, no Pará, e ainda colabora com os Guajajara, do Maranhão. Carvalho não esconde sua comoção, quase paterna: "Saí contando para todos: nasceu o milésimo Waimiri Atroari!... Parece que os vejo todos, todos os mil na minha frente... Eu estou feliz. E grato a todos que me ajudaram a realizar este sonho", concluiu o indigenista vitorioso.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Ministério Público entra com ação contra ex-reitores da UnB

Ministério Público entra com ação contra ex-reitores da UnB



O Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF/DF) entrou com ação de improbidade administrativa contra os ex-reitores da Universidade de Brasília (UnB) Lauro Morhy e Timothy Mulholand e o ex-presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) Valdi Bezerra, no dia 1° de julho. Segundo a denúncia, a assinatura irregular de convênios para promoção da saúde indígena nas comunidades Xavante, em Mato Grosso do Sul, e Yanomami, em Roraima, permitiu o desvio de mais de R$ 8,8 milhões em uma única fase dos projetos.Também vão responder ao processo Alexandre Lima, Elenilde Duarte e Cláudio Machado, ex-contratados da Editora UnB. A medida faz parte da primeira etapa do trabalho de investigação do MPF, iniciado em 2008, a partir do escândalo envolvendo a reforma do apartamento do ex-reitor Timothy. Já foram propostas duas ações de improbidade e cinco denúncias criminais, que aguardam julgamento pela Justiça Federal.De acordo com o processo, as irregularidades começaram com a contratação da Fundação Universidade de Brasília (FUB) pela Funasa, sob o fundamento de se tratar de instituição de pesquisa, ensino e desenvolvimento institucional. Segundo o Ministério, sem qualificação técnica e estrutura operacional para realizar atividades de assistência à saúde em comunidades localizadas a milhares de quilômetros de distância, a FUB subcontratou, sem licitação, duas fundações de apoio: a Fubra, de 2004 a 2006, e a Funsaúde, de 2006 a 2007.Para o Ministério Público, a captação desse tipo de parceria pela FUB e as subcontratações sucessivas eram, na verdade, um artifício para facilitar o desvio de recursos da esfera pública para a privada. Uma vez repassado às fundações de apoio, o dinheiro inicialmente pago pela Funasa à Universidade era gerido por uma estrutura administrativa paralela, coordenada por Alexandre Lima, ex-diretor da Editora UnB.Um dos mecanismos utilizados para maquiar os desfalques era o recolhimento de uma suposta taxa administrativa pelas fundações de apoio, correspondente a 7,5% do total recebido pela FUB da Funasa. Além disso, a investigação apontou irregularidades como simulação de licitações; contratação de empresas de fachada; consultorias fantasmas; pagamentos em duplicidade; contratação de parentes e amigos dos acusados e gastos sem comprovação.De acordo com as apurações, o dinheiro desviado foi utilizado para custear gastos de interesse pessoal dos envolvidos, especialmente a promoção política do ex-reitor Timothy. Foram contabilizadas como despesas dos convênios, por exemplo, pagamento de festas, viagens internacionais, jantares, móveis e eletroeletrônicos para uso particular, aquisição de canetas de marca, entre outros gastos sem qualquer relação com ações de apoio à saúde indígena.O MPF cobra o ressarcimento do dinheiro desviado e a condenação da FUB a elaborar projeto de assistência à saúde indígena para as comunidades atingidas pelas ilegalidades. Os envolvidos também podem sofrer sanções como suspensão dos direitos políticos, perda do cargo, proibição de contratar com o Poder Público e pagamento de multa.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Peret e D.Marly: 52 anos de casamento!

..."Eu namorei a Marly Neves aos bocadinhos, entre minhas idas e vindas das aldeias para a cidade. Eu queria uma companheira para não me envolver com as belas índias, pois a ética proibia os funcionários de casar com as índias. A Marly era adulta e a família não fazia objeção ao namoro. Ficamos noivos, formei um grupo de amigos para conhecer o rio Araguaia e os índios Karajá. Na volta, entreguei meus documentos para a Marly marcar o casamento e me avisar a data três meses antes, para que eu pudesse chegar a tempo. Isso aconteceu em 1958. A lua-de-mel aconteceu nas praias a céu aberto, com o sol, a lua e as estrelas"...

depoimento retirado da entrevista concedida à Marília Jaccoud - Gente em Foco - para ver toda a entrevista clique em:

http://www.velhosamigos.com.br/Foco/peret.html

Essa linda história de amor fez hoje 52 anos!
Parabéns aos eternos namorados!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

INAMPI: O CABOCLO QUE AMOU UMA BÔTA

INAMPI: O CABOCLO QUE AMOU UMA BÔTA


Inampi:

O caboclo que amou uma bôta


* Por João Américo Peret

Essa história com sabor de lenda amazônica nos foi narrada por Inampi,um caboclo Mura que vive nas barrancas do rio Urubu, município de Itacoatiara, Amazonas.

Inampi não tem “idade” porque não sabe quando nasceu. Ele como a maioria dos caboclos amazônicos, é de “pouca fala”, porque o seu linguajar é mais interior; ele é introspectivo e sua mente está impregnada de fantasias do sobrenatural,provocadas pela fantástica e misteriosa natureza.

Inampi acredita que viveu a estória que raramente conta a alguém, com receio de não ser levado a sério.Nós a conseguimos com muito custo e vamos reportá-la com o máximo de detalhes que ele nos deu :

-Eu estava esquentando o sol (tomando banho de sol) para criar coragem de mergulhar no lago . Este só não estava totalmente espelhado porque uns botos brincavam soprando para o ar e “banzeirando” às águas.

Criei coragem e mergulhei com os olhos abertos, vendo os fachos de sol varando as águas transparentes até o fundo do lago. Quando eu estava lá embaixo, surgiu, também mergulhando,uma cabocla totalmente nua. Ela aproximou-se de mansinho e segurou em meus braços suavemente e juntou seu corpo moreno ao meu. Ficamos assim por um instante. Mas este pareceu longo. Quando comecei a subir para respirar, ela soltou-me e sumiu como uma bolha de ar, ploft...

Cheguei à superfície e fiquei boiando, e esperando que ela também subisse. Ela não apareceu, apenas os botos continuavam a brincar. Desconfiado, nadei para a beira e fiquei na praia com uma esperançazinha de que ela chegasse. Ela não apareceu...

Fiquei desconfiado e pensando nas estórias que contavam de que boto virava gente e encantava pessoas. Voltei para casa meio cismado e não contei nada a ninguém,com medo de que não me acreditassem.

À noite sentei-me na rede e fiquei pensando, pensando no caso... Depois, quando o sono queria me pegar, escutei uns assobios lá fora.

Fuiiu, fuiiu...

Curioso, abri a janela para espiar... lá fora, no meio do terreiro, estava “Ela” e acenou-me chamando.

Um pensamento atravessou minha cabeça: “Ela é tucuxi”, uma bota, não pode ser outra pessoa... Quando cheguei, “Ela” me sorriu,deu a mão e caminhamos juntos até a praia.

A princípio, fiquei assustado. Mas depois comecei a corresponder aos seus carinhos e esqueci a estória de encantamento, “boto vira gente”... pra me entregar ao amor.

Depois de algum tempo “Ela” me perguntou:- “Você quer conhecer minha gente?...”

Confesso que senti um sobressalto. Mas “Ela” conteve meu receio, acariciando-me e falando meigamente: “Não tenha medo, eu garanto que nada de mau acontecerá...” – Sendo assim,concordei.

“Ela” falou: - “Acompanhe-me e feche os olhos por um instante”. Fechei, e então senti como se um cortinado estivesse sendo colocado sobre minha cabeça enquanto caminhávamos em direção ao lago. Mas, a água não me molhava. “Ela” falou: “Pode abrir os olhos”.

Quando abri os olhos fiquei espantado e surpreso; já havíamos atravessado as águas sem nos molhar e a superfície do lago estava por cima de nós, como se fora de plástico transparente, deixando ver as estrelas e a lua. Chegando ao fundo do vale submerso, encontramos uma verdadeira cidade,como as nossas: cheia de ruas e casas,as pessoas e os animais também eram iguaizinhos como aqui. Chegamos a sua casa e “Ela” me apresentou a duas irmãs e à mãe.Todos agiam com muita naturalidade. E isso era incrível para qualquer um... Depois fomos para um jardim e ficamos namorando. Haviam outros casais.

Diante da visão do mundo exterior da superfície que também podíamos contemplar lá de baixo, quase me esqueci que estávamos sob as águas. Quanto tempo passamos assim eu não sei. Depois eu pedi que “Ela” me levasse de volta a superfície. “Ela” fez um muxoxo de quem não queria voltar logo e sussurrou-me: - “Fica mais um pouquinho. Será que você não está gostando de mim?...”

Argumentei que estava precisando descansar e que outro dia voltaria se “Ela” fosse à superfície me buscar. “Ela” concordou e voltamos subindo as encostas do barranco, e quando já estávamos próximos a superfície do lago “Ela” me mandou fechar os olhos. Finalmente chegamos a praia.

Ficamos juntos ainda um pouquinho e “Ela” me levou até próximo a minha casa, esperou que eu entrasse e saiu cantarolando uma canção em direção à praia. Depois escutei um baque de alguém se atirando no lago e novamente o barulho dos botos arfando e batendo n’água.

Deite-me e fiquei “cismando” muito tempo antes de dormir. No dia seguinte não tive coragem de contar o fato a ninguém,porque não iriam-me acreditar...

A estória se repetiu durante várias noites e eu já estava conhecendo muita gente de lá de baixo, da “cidade submersa”. Então,”Ela” me fez essa pergunta.

- você quer morar comigo aqui em nosso mundo?..
- Ainda não estou certo, gosto muito de viver lá fora na superfície com minha gente...respondi

Aquele foi o momento da decisão, porque a mãe dela escutou nossa conversa e interrompeu: - acho melhor você deixar esse namorado de lado,ele não gosta de você!”

Depois que “Ela” me trouxe de volta nunca mais veio me procurar.
E foi uma pena, porque se “Ela” voltar a me procurar eu irei definitivamente para a “cidade submersa” no fundo desse lago do rio Urubu.

Assim, Inampi revelou seu segredo, que embora soe como lenda, ele afirma: - “Pode acreditar tintim por tintim nessa estória, porque é a mais pura verdade: Eu amei uma bota!”...



* João Américo Peret, um dos maiores indigenistas do país trabalhou na equipe de sertanistas do SPI/Funai (1950-1970), conviveu com o Marechal Rondon e foi discípulo de Malcher, Heloisa Torres e Eduardo Galvão. Colaborador de vários antropólogos em pesquisa nas aldeias indígenas, o carioca João Américo Peret foi colega e conviveu com os sertanistas irmãos Villas Boas, Francisco Meirelles e Gilberto Pinto. Realizou contatos com índios isolados e teve ativa participação na vida de milhares de índios brasileiros, ao criar postos de assistência e indicar áreas que deveriam ser convertidas em Reservas Indígenas. Em 1968 encontrou a “Expedição Calleri”, então desaparecida no Amazonas. Realizou inquéritos, sindicâncias e pesquisas nas aldeias visando melhorar a administração e assistência aos índios. Esteve no Monte Roraima e nas malocas de Raposa e Serra do Sol em Roraima. Após deixar a Funai continuou auxiliando os índios com projetos voltados às suas aldeias. É arqueólogo, escritor, jornalista, acadêmico, roteirista cinematográfico, fotógrafo. Participou da exposição “500 anos de Brasil” no exterior e criou uma ilustração para a moeda de prata comemorativa de cinco reais e para a cédula de dez reais de plástico, cuja imagem traz ilustração de um índio. Ao lado do também legendário Darcy Ribeiro, participou da criação do Museu do índio e da criação da “Comissão Pró-índio, no Rio de Janeiro, onde reside. Atualmente, João Américo Peret participa do Movimento em Defesa da Economia Nacional (MODECON); Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (CEBRES), organização voltada às questões indígenas e problemas de fronteiras.

terça-feira, 8 de junho de 2010

TV Globo mostra em reportagem da edição de hoje do Bom Dia Brasil,como monstros estão matando os Botos Amazônicos

Um crime hediondo vem sendo cometido contra os botos amazônicos. Segundo reportagem de hoje do Bom Dia Brasil, os Botos tem sido alvo de matadores de aluguel na Amazônia. A carne do animal, que faz parte do folclore da região, serve de isca para a pesca da Piracatinga, muito apreciada na Colômbia e nos Estados Unidos.

“Matamos cerca de 100 ou 200 botos por mês. A matança é muita. Puxamos o animal para dentro da canoa e matamos com facão, cassetete, essas coisas”, diz ele.

Segundo o matador, quem contrata o serviço, busca o comércio de órgãos do animal, como olhos e partes reprodutivas.

A carne do animal também serve de isca para a pesca da Piracatinga.

O peixe, também chamado de urubu d’água por se alimentar da carne de animais mortos, é pouco conhecido na culinária brasileira, mas muito apreciado na Colômbia.

A preocupação com os botos da Amazônia levou o pesquisador português do Programa Botos no Pará, Antônio Migueis, a investigar o comércio do urubu d’água.

“O peixe vai para a Colômbia e para os Estados Unidos onde é usado como aperitivo em restaurantes”, explica Antônio.

A pesquisa do Intituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Vera da Silva, é especialista em botos. Há 17 anos, ela e sua equipe estudam e contam os animais da região de Mamirauá, na Amazônia.

“Temos percebido que cada vez mais há uma diminuição do número de botos na área. A causa é a captura direta, que é o maior perigo que a espécie enfrenta”, afirma a pesquisadora.

Até agora se acreditava que os matadores de boto agiam mais na região oeste do Amazonas, perto do maior mercado consumidor de Piracatinga: a Colômbia. Lá, fica Mamirauá, onde a diminuição do numero de botos já foi confirmada.

Mas denúncias do pesquisador português Antônio Migueis mostram que os matadores chegaram a oeste do Pará, na região de Santarém.

Vejam a reportagem completa com vídeo no link: http://bit.ly/bI0kww






Inteligentes e dóceis, os Botos são usados até mesmo para brincar com crianças com leucemia.
Vejam, a respeito,esse vídeo:

quinta-feira, 27 de maio de 2010

João Américo Peret participa de Moção contra Hidrelétrica de Belo Monte na Câmara Municipal do Rio de Janeiro

Manifestação de João Américo Peret acerca da Moção contra Barragem de Belo Monte/Xingu/Pará realizada na Câmara Municipal do Rio de Janeiro

Foto: Silvia Nobre Wajãpi, Maria Rachel Coelho e João Américo Peret em evento na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, onde demonstraram decepção e preocupação com a construção de Belo Monte.


Querida Eliane Potiguara,
Seu desempenho no evento apresentado na Câmara Municipal, sob os auspícios do vereador Leonel Brizola Neto, foi excepcional, tratando de temas polêmicos como a construção da hidrelétrica “Bel-Monte” (antiga hidrelétrica Karahô Kayapó), lembrando a heroína TUIRA KAYAPÓ que num gesto simples, encostou um facão (como cetro) na cabeça do exaltado diretor da Eletronorte e disse: - "Estou benzendo você com “meu cetro”: Sua mente para você entender que mais vale a vida do que uma luz elétrica, nós temos o sol; Nos ouvidos para você escutar a voz da razão; Na boca para você não ordenar o afogamento, a morte da Mãe Terra, dos seres vegetais, animais e minerais, enfim, da natureza... Para iluminar a noite temos o brilho das estrelas, da Lua..."
Observação: A índia Tuira Kayapó me contou sua atitude, foi ao perceber que índios e brancos iam entrar em guerra... “Eu tinha que chamar aquele homem tresloucado, à razão; Falei pra a alma dele olhando nos seus olhos. Foi só isso; Ele entendeu que tinha que parar com a discussão.” Os jornais abriram manchete dizendo que foi cena de selvageria, canibalismo... Mas deu certo; baixou sobre a turba um silêncio sepulcral e todos encontraram o caminho de volta às suas casas. A natureza agradeceu. Mas, agora vemos que o grupo que projetou a hidrelétrica, urdia nas sombras uma artimanha para voltar com maior força impondo sua vontade maligna. Passado 35 anos, “rasparam” o nome “Hidrelétrica Karahô” (dos valentes guerreiros Kayapó). E, ardilosamente deram nova roupagem ao projeto, e o nome para: “Hidrelétrica Bel-Monte”. Nota-se que os atores não indígenas de todo mundo que estiveram em Altamira, não perceberam a trapaça...
Vamos ver repetido o que acontece nas construções de hidrelétricas; Milhares de quilômetros quadrados transformados num deserto, que vira lamaçal putrefato, expelindo gás metano, que polui o ar sem controle, asfixia a vida dos seres da natureza e dos seres humanos. E destrói a vida no Planeta. E pasmem, essa destruição tem o apoio incondicional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como afirma o Cacique Megaron Txukarramãe Kayapó em sua carta denúncia ou Abaixo-Assinado.
Você minha querida amiga Eliane Potiguara, leu a carta do Cacique Megaron Txukarramãe, sobrinho e porta-voz do Cacique Raoni Txukarramãe, redigida especialmente para este Evento político-social, sob os auspícios do Vereador Leonel Brizola Neto, na Câmara Municipal do RJ.
Seu objetivo é transformar a Carta em Abaixo-Assinado (e assinamos), denunciando a construção da hidrelétrica com apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Megaron conclama os parentes, os ecologistas, os aliados dos povos indígenas a resistirem como guerreiros. E se não bastarem os argumentos, se deixarem imolar (afogar na Usina de “Bel-Monte”). Aliás, quero lembrar a vocês que a palavra “Megaron”, nome do cacique Txukarramãe significa “Espírito”. E eu quero assistir as “Olimpíadas de 2016” com vida. - rsrsss.
Como indigenista fiz um comentário sobre a cultura dos povos indígenas, os embates com as populações envolventes, e as mazelas administrativas com a inversão dos valores ético-sociais que assola o país, principalmente o governo. É conveniente lembrar que no jogo de interesses e ilícitos, os jornais publicaram que presidentes da FUNAI, largaram a função para criarem ONGs para se dedicarem a administrar povos indígenas cujas reservas estão localizadas sobre minas de ouro, diamantes, etc. Ou seja, onde existem garimpos.
Por fim, tivemos a Dra. Sílvia Nobre Waiampí, declamando seu poema épico “Essa Terra não é Tua” - e fez o público ficar emocionado, e ela própria declamando em lágrimas.
Para mim, esse poema épico sobre a “invasão européia” nas terras dos Brasilíndios, nos leva a meditar se o nosso planeta é realmente o “Paraíso - Terras Sem Males”, onde os povos indígenas são os Guardiões. Os lamentos dos povos indígenas couberam inteirinhos no poema épico da Dra. Sílvia Nobre Waiampí, que não deixou por menos; Saiu das aldeias Waiampí, no Estado do Amapá, cursou três Faculdades, bacharelou-se. E de quebra cursou a ADESG (equivale a Escola Superior de Guerra), uma instituição que seleciona muito bem seus convidados.

Um abraço terno de jibóia amiga,
João Américo Peret,
indigenista da velha guarda (SPI).

quinta-feira, 20 de maio de 2010

A Rede Grumin de Mulheres Indígenas convida para o Evento: "CONSTRUINDO NOVOS HORIZONTES"


A REDE GRUMIN DE MULHERES INDÍGENAS


CONVIDAMOS AO EVENTO: "CONSTRUINDO NOVOS HORIZONTES"

http://blog.elianepotiguara.org.br/2010/05/18/evento-do-grumin-construindo-novos-horizontes/



DIA 27/05/2010
HORA: DE 11 ÀS 13 HS / QUINTA-FEIRA
LOCAL: AUDITÓRIO DA CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO
CINELÂNDIA - RIO DE JANEIRO - BRASIL
*Homenagem póstuma a: Dona Quitéria Pankakaru e Mário Juruna
*Fortalecendo a Rede Mulheres Indígenas pela PAZ
*Moção contra Barragem de Belo Monte/Xingu/Pará

ELIANE POTIGUARA
Fellow da Ashoka
Observatório da Mulher Indígena
INBRAPI/Inst.Indíg.Bras.Propriedade Intelectual
Membro Fundadora del Enlace Continental de Mujeres Indígenas
Associação Mulheres pela PazComitê Intertribal

www.grumin.org.br (institucional)
http://www.elianepotiguara.org.br (site oficial da escritora)http://groups.yahoo.com/group/literaturaindigena

terça-feira, 27 de abril de 2010

Carta de Protesto dos índios contra Belo Monte


Nós lideranças e guerreiros estamos aqui em nosso movimento e vamos continuar com a paralisação da balsa pela travessia do rio xingu. Enquanto Luiz Inacio Lula da Silva insistir de construir a barragem de Belo Monte nós vamos continuar aqui. Nós ficamos com raiva de ouvir Lula falar que vai construir Belo Monte de qualquer jeito, nem que seja pela força!!! Agora Nos indios e o povo que votamos em Lula estamos sabendo quem essa pessoa. Nós não somos bandidos, nós não somos traficantes para sermos tratados assim, o que nós queremos é a não construção da barragem de Belo Monte. Aqui nós não temos armas para enfrentar a força, se Lula fizer isso ele quer acabar com nós como vem demonstrando, mas o mundo inteiro vai poder saber que nós podemos morrer, mais lutando pelo nosso direito. Estamos diante de um Governo que cada dia que passa se demonstram contra nós indios. Lula tem demonstrado ser inmingo número um dos indios e Marcio Meira o atual Presidente da Funai tem demostrado a ser segunda pessoa no Brasil contra os indios, pois, a Funai não tem tratado mais assuntos indigenas, não demarcação de terra indigena mais, não tem fiscalização de terra indigena mais, não tem aviventação em terra indigena. Os nossos líderes indigenas são empedido de entrarem dentro do predio da funai em Brasilia pela força nacional. O que esta acontecendo com nós indios é um fato de grande abandono, pois, nós indios que somos os primeiros habitantes deste pais estamos sendo esquecidos pelo Governo de Lula que quer a nossa destruição, é esta a conclusão que chegamos.
Lider indigena Megaron Txukarramãe
Aldeia Piaraçu, 26 de abril de 2010
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carta de protesto contra o projeto belo monte. NOS VAMOS PARARIZAR A TRAVESSIA DA BALSA DO RIO XINGU POR UM PERIODO INDETERMINADO. CONFORME A CARTA DOS MEUS TIOS.
QUALQUER COISA LIGUEM 06644007614
JABIT
PATXON METUKTIRE

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Professora Maria Rachel participa do Toré dos Potiguaras

A Professora Maria Rachel passou o dia do índio com os potiguaras na Baía da Traição na Paraíba.
A Professora que chegou acompanhada de Emanuel Ramalho, assessor de imprensa do MEB, participou da dança do Toré.
O Toré é o principal ritual que os índios Potiguaras realizam. O ritual é feito em dias especiais como o Dia do Índio ou quando as Aldeias recebem visitantes ilustres.

A Dança do Toré é uma louvação ao Pai Tupã e a mãe Tamain, onde também são invocados os espíritos dos antepassados.

A dança de movimentos circulares é realizada em torno de uma roda formada com crianças, e dentro da roda caciques tocam tambor e flauta.

O Toré para os índios representa a vida, um ato de louvor, como uma purificação de tudo aquilo que os cerca.

Para sua realização os índios se enfeitam e dançam o dia inteiro numa harmonia entre o mundo dos homens e o mundo sobrenatural.




Antes de iniciar a dança os Pajés fazem uma defumação como forma de invocar nossos ancestrais.

O Toré representa uma projeção no futuro que os torna capazes de enfrentar todas as dificuldades no presente alicerçados na memória histórica preservada por seus anciãos.

Durante todo o dia vários estrangeiros e visitantes de todo o Brasil, assim como muitos pesquisadores de Universidades chegavam e saiam da festa. O ritual foi realizado a 5 km da Aldeia São Francisco. O lugar é de difícil acesso e no meio de muita natureza. Só é permitida a entrada com autorização da FUNAI ou dos índios.

A Dança se iniciou às 12hs 30 mins e foi até o final da tarde sem interrupções. Na medida que uns saem para se alimentar outros índios entram na roda para manter o ritual.