quinta-feira, 28 de agosto de 2008

AYRES BRITO DÁ UMA AULA EM SEU VOTO!




Em Roraima, arrozeiros festejaram o adiamento do julgamento que decidirá o modelo de demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol.Mas não há motivos para festa, salvo a incerteza da demora na nova data. Foi brilhante e histórico o voto do relator, Ministro Carlos Ayres Britto. Com mais de três horas de duração, Ayres Britto, ressaltou que as terras da reserva, são de direito dos índios que foram expulsos de suas terras originais e estão sofrendo ao longo dos anos um "processo de espremedura topográfica". O ministro reconheceu o esbulho por parte dos rizicultores e afirmou, ainda, que eles degradam o meio ambiente e impedem o acesso dos índios a solos férteis e rios.De forma brilhante, o Ministro deu uma verdadeira aula sobre os direitos dos índios, afirmando que na Constituição Federal eles tem uma verdadeira "carta de alforria" em 18 dispositivos. Ressaltou qualidades supostamente inatas aos índios como o patriotismo, o comportamento obsequioso, a falta de vontade de enriquecer às custas de outros, a vida sem ostentação material, a postura religiosa e o respeito ao meio ambiente. E ainda refutou o argumento de perigo à soberania, afirmando que não há incompatibilidade na fixação de uma reserva indígena em área de fronteira, pois a reserva é de responsabilidade da União que pode convocar as Forças Armadas para garantir nossa segurança. A Profª Maria Rachel Coelho acompanhou toda sessão ao lados dos índios, além de participar das pacíficas manifestações em frente ao STF. Emocionada com o voto de Ayres Brito ela só consertou uma falha: O Ministro reconheceu que os índios já estão ali há dezenas de anos, eles estão ali há mais de 508 anos!Que bom que ainda temos juízes sérios como ele!

3 comentários:

Anônimo disse...

Professora
É lamentável que um processo que esteja no Supremo desde 2005 ainda tenha que ser analisado.
Será que esse carlos Alberto Direito não teve tempo, ainda, para se inteirar do assunto.
Vergonhoso, como foi sua nomeação para essa Corte, sempre o mesmo ministro atrapalhando o povo brasileiro, ao invés de servi-lo.

Anônimo disse...

Professora
Parabéns pela sua luta e apoio.
O Mundo costuma chamar de Holocausto, o extermínio de 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Certamente que esse genocídio em massa do povo judeu,na Europa, merece ser para sempre considerado como um dos exemplos da atrocidade humana no século que passou.
Mas tivemos, bem mais perto de nós, um outro Holocausto e talvez até maior que a matança dos judeus. O extermínio dos povos indígenas nas três Américas. Quem poderia contabilizar o total de índios mortos nas Américas do Norte, Central e do Sul em 500 anos da Conquista Europeia? Civilizações inteiras foram praticamente riscadas do mapa.

Larissa Quintanilha

Anônimo disse...

Professora Maria Rachel,
Compreendemos o que nos quer dizer com o seu exemplo!
A luta é material e cultural ao mesmo tempo: logo, é política.
Se o que nos interessa é perseguir o movimento das idéias, não em si mesmas, mas na sua conexão com os horizontes de vida de seus emissores, então vamos reconhecer um discurso que se alonga desde o Brasil Colônia. Uns dão aula, outros tentam calar a voz da razão.Estranha gente é essa que, até hoje, dos nativos saqueiam o que bem lhes apraz.
" E as palmeiras se torcem torturadas...
quando escutam ... os gritos de aflição!"
("Ao romper d'alva")

" A verdadeira fidalguia é a ação. O que fazeis,isso sois, nada mais." (Vieira, Sermão da Terceira Dominga do Advento)