sábado, 2 de maio de 2009

REPÚBLICA INCOMPLETA

REPÚBLICA INCOMPLETA

*Por Jorge Portugal

Em breve, duas propostas que podem mudar substancialmente esse país estarão indo ao congresso nacional a fim de serem debatidas e votadas.
Interessante que, a meu ver, elas são complementares e filhas da mesma essência democrática e republicana: a proposta de mudança da Lei Rouanet, do MINC, e a proposta do senador Cristovam Buarque, pela qual daqui a sete anos TODOS os filhos de detentores de mandato eletivo – de vereador a presidente da república – devem ser matriculados na rede pública de ensino.
Sabemos todos que as desigualdades sociais e econômicas são, em muito, eternizadas pela má-distribuição da informação.Isso ocorre de duas formas: primeiro, pelo sucateamento e abandono da rede pública de ensino, disponibilizando aos filhos do povo uma escola de péssima qualidade, com currículos defasados e professores mal formados e insatisfeitos; segundo, pela negação ao acesso aos bens culturais ( teatro, cinema, exposições, livros) a grande parte do povo brasileiro, vez que a lei de incentivo cultural que nós temos promove a concentração desses bens no eixo Rio-São Paulo, submetendo o resto do país ao lixo da programação da TV aberta ou a nenhum conhecimento do nosso invejável patrimônio artístico.
Como educador durante 30 anos, pude constatar o quanto a nossa juventude ( mesmo a de classe média alta) desconhece completamente o melhor de nossa música, de nossas artes plásticas, de nossa literatura, do nosso teatro da nossa cultura popular.Essas coisas não chegam à expressiva maioria dos jovens, ao nordeste,ao norte-centro-oeste, à periferia das grandes cidades, nem se conectam minimamente com as salas de aula do nosso ensino médio ou superior.
Não podemos falar de violência urbana, de alto consumo de drogas, de morte das utopias sem levarmos seriamente em conta a inexistência do estímulo intelectual que vem de uma boa formação escolar ou do contato com instigantes conteúdos culturais.
As duas propostas estão aí, no centro do debate nacional.Claro que os eternos inimigos do nosso desenvolvimento educativo-cultural já começaram a exibir suas armas para detoná-las.É fácil de identificá-los: são os mesmos “senhores de engenho” ou “feitores da senzala” hoje travestidos de senadores, deputados, empresários, produtores culturais que ocupam os meios de comunicação para tentar desqualificar os dois projetos.Olho neles! Vamos bombardeá-los com uma “tempestade de e-mails”, numa grande “cybermobilização” , usando a internet, as salas de aula, os escritórios de trabalho, as mesas de bar, a turma da academia.Está em nossas mãos a chance de desatar o grande nó do atraso brasileiro e finalmente completarmos a abolição e a república que permanecem como obras inacabadas.
* Educador, poeta e compositor do Núcleo Educacionista de Salvador - Bahia

Um comentário:

Anônimo disse...

E aí,Professora,fale alguma coisa sobre seu vice campeonato.