quinta-feira, 27 de maio de 2010

João Américo Peret participa de Moção contra Hidrelétrica de Belo Monte na Câmara Municipal do Rio de Janeiro

Manifestação de João Américo Peret acerca da Moção contra Barragem de Belo Monte/Xingu/Pará realizada na Câmara Municipal do Rio de Janeiro

Foto: Silvia Nobre Wajãpi, Maria Rachel Coelho e João Américo Peret em evento na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, onde demonstraram decepção e preocupação com a construção de Belo Monte.


Querida Eliane Potiguara,
Seu desempenho no evento apresentado na Câmara Municipal, sob os auspícios do vereador Leonel Brizola Neto, foi excepcional, tratando de temas polêmicos como a construção da hidrelétrica “Bel-Monte” (antiga hidrelétrica Karahô Kayapó), lembrando a heroína TUIRA KAYAPÓ que num gesto simples, encostou um facão (como cetro) na cabeça do exaltado diretor da Eletronorte e disse: - "Estou benzendo você com “meu cetro”: Sua mente para você entender que mais vale a vida do que uma luz elétrica, nós temos o sol; Nos ouvidos para você escutar a voz da razão; Na boca para você não ordenar o afogamento, a morte da Mãe Terra, dos seres vegetais, animais e minerais, enfim, da natureza... Para iluminar a noite temos o brilho das estrelas, da Lua..."
Observação: A índia Tuira Kayapó me contou sua atitude, foi ao perceber que índios e brancos iam entrar em guerra... “Eu tinha que chamar aquele homem tresloucado, à razão; Falei pra a alma dele olhando nos seus olhos. Foi só isso; Ele entendeu que tinha que parar com a discussão.” Os jornais abriram manchete dizendo que foi cena de selvageria, canibalismo... Mas deu certo; baixou sobre a turba um silêncio sepulcral e todos encontraram o caminho de volta às suas casas. A natureza agradeceu. Mas, agora vemos que o grupo que projetou a hidrelétrica, urdia nas sombras uma artimanha para voltar com maior força impondo sua vontade maligna. Passado 35 anos, “rasparam” o nome “Hidrelétrica Karahô” (dos valentes guerreiros Kayapó). E, ardilosamente deram nova roupagem ao projeto, e o nome para: “Hidrelétrica Bel-Monte”. Nota-se que os atores não indígenas de todo mundo que estiveram em Altamira, não perceberam a trapaça...
Vamos ver repetido o que acontece nas construções de hidrelétricas; Milhares de quilômetros quadrados transformados num deserto, que vira lamaçal putrefato, expelindo gás metano, que polui o ar sem controle, asfixia a vida dos seres da natureza e dos seres humanos. E destrói a vida no Planeta. E pasmem, essa destruição tem o apoio incondicional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como afirma o Cacique Megaron Txukarramãe Kayapó em sua carta denúncia ou Abaixo-Assinado.
Você minha querida amiga Eliane Potiguara, leu a carta do Cacique Megaron Txukarramãe, sobrinho e porta-voz do Cacique Raoni Txukarramãe, redigida especialmente para este Evento político-social, sob os auspícios do Vereador Leonel Brizola Neto, na Câmara Municipal do RJ.
Seu objetivo é transformar a Carta em Abaixo-Assinado (e assinamos), denunciando a construção da hidrelétrica com apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Megaron conclama os parentes, os ecologistas, os aliados dos povos indígenas a resistirem como guerreiros. E se não bastarem os argumentos, se deixarem imolar (afogar na Usina de “Bel-Monte”). Aliás, quero lembrar a vocês que a palavra “Megaron”, nome do cacique Txukarramãe significa “Espírito”. E eu quero assistir as “Olimpíadas de 2016” com vida. - rsrsss.
Como indigenista fiz um comentário sobre a cultura dos povos indígenas, os embates com as populações envolventes, e as mazelas administrativas com a inversão dos valores ético-sociais que assola o país, principalmente o governo. É conveniente lembrar que no jogo de interesses e ilícitos, os jornais publicaram que presidentes da FUNAI, largaram a função para criarem ONGs para se dedicarem a administrar povos indígenas cujas reservas estão localizadas sobre minas de ouro, diamantes, etc. Ou seja, onde existem garimpos.
Por fim, tivemos a Dra. Sílvia Nobre Waiampí, declamando seu poema épico “Essa Terra não é Tua” - e fez o público ficar emocionado, e ela própria declamando em lágrimas.
Para mim, esse poema épico sobre a “invasão européia” nas terras dos Brasilíndios, nos leva a meditar se o nosso planeta é realmente o “Paraíso - Terras Sem Males”, onde os povos indígenas são os Guardiões. Os lamentos dos povos indígenas couberam inteirinhos no poema épico da Dra. Sílvia Nobre Waiampí, que não deixou por menos; Saiu das aldeias Waiampí, no Estado do Amapá, cursou três Faculdades, bacharelou-se. E de quebra cursou a ADESG (equivale a Escola Superior de Guerra), uma instituição que seleciona muito bem seus convidados.

Um abraço terno de jibóia amiga,
João Américo Peret,
indigenista da velha guarda (SPI).

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